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Forças de segurança atuam como segurança privada em terra indígena e suspeita de violência policial gera polêmica, diz secretário do Cimi.

Na última terça-feira (18), o secretário-executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Luis Ventura, concedeu uma entrevista à Agência Brasil para denunciar a atuação das forças de segurança pública na Terra Indígena (TI) Nhanderu Marangatu, localizada em Antônio João, no estado do Mato Grosso do Sul. Segundo Ventura, essas forças policiais estariam agindo como segurança privada em prol de interesses particulares, em vez de proteger a comunidade indígena.

A denúncia ganhou notoriedade após a execução do jovem Neri Guarani Kaiowá, de 23 anos, com um tiro na cabeça, durante um ataque na área. Há suspeitas de que os responsáveis pelos disparos sejam policiais militares, que também teriam ferido outros indígenas com balas de borracha e munição letal. Essa não é a primeira vez que a TI Nhanderu Marangatu é palco de violência, sendo que há 40 anos o líder indígena Marçal de Souza Tupã’i foi assassinado no mesmo território.

Para Ventura, a presença da Polícia Militar na região estaria desviando de seu propósito inicial, alegando que não há ordem judicial de despejo ou reintegração de posse na área. O secretário do Cimi também apontou a postura agressiva dos agentes de segurança contra os indígenas, evidenciando um tratamento hostil e discriminatório por parte das autoridades.

Além disso, foi destacado o fato de a Polícia Militar ter interferido no corpo da vítima, indicando uma possível tentativa de manipular evidências. Essa situação alarmante reflete a demora do Estado em demarcar e garantir a posse dos territórios indígenas, contribuindo para um cenário de violência e conflito contínuo.

Diante desse contexto, a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo divulgou uma nota de repúdio e a deputada federal Célia Xakriabá (PSOL-MG) enviou um ofício ao ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, pedindo a suspensão das operações policiais na TI Nhanderu Marangatu e medidas urgentes para proteger os povos indígenas.

Por outro lado, a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul negou qualquer ordem de reintegração de posse na região e reforçou seu compromisso com a segurança no campo. A Agência Brasil aguarda posicionamento das autoridades e dos envolvidos para esclarecer o caso.

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