Estudo revela como a percepção do tempo varia entre crianças e adultos, influenciada por estado emocional e experiências do cotidiano.

Recentemente, uma conversa interessante surgiu em minha família, envolvendo intensos debates sobre a percepção do tempo e como ele passa mais rápido ou mais devagar em diferentes situações. Nesse contexto, me vi envolvido em um diálogo acalorado entre meu filho e minha filha sobre a velocidade de passagem do tempo, com ele alegando que o tempo parece mais devagar quando estão no carro, e ela discordando, argumentando que nos fins de semana, especialmente quando assistem filmes no sofá, o tempo voa.

Essa discussão levou a um consenso entre meus filhos de que os dias após o Natal e os aniversários são os mais melancolicamente lentos, já que eles percebem que terão que esperar um ano inteiro para celebrar novamente. Essa percepção parece ser comum na idade deles, em que os anos parecem se arrastar interminavelmente.

Teresa McCormack, professora de Psicologia na Queen’s University Belfast, estuda há muito tempo o desenvolvimento cognitivo das crianças e destaca a falta de estudos sobre a relação entre as crianças e o tempo. Ela levanta questões intrigantes sobre quando as crianças começam a compreender o tempo linear e como diferentes eventos rotineiros influenciam sua percepção temporal.

A pesquisa de McCormack mostra que, embora as crianças sejam sensíveis a eventos rotineiros, como horários de refeições e sono, isso não equivale a ter um senso adulto de tempo linear. Ela ressalta a importância da linguagem na compreensão do tempo pelas crianças e destaca que a percepção da passagem do tempo está intimamente ligada ao estado emocional de cada indivíduo.

Além disso, estudos realizados por outros pesquisadores, como Sylvie Droit-Volet e John Wearden, mostram que a experiência da passagem do tempo na vida cotidiana está mais relacionada ao estado emocional do que à idade. Durante o lockdown causado pela pandemia de Covid-19, por exemplo, houve uma desaceleração da percepção do tempo associada a mais estresse e menos atividades, independentemente da faixa etária.

Outros estudos examinam como a memória e as experiências sensoriais afetam nossa percepção do tempo, demonstrando que eventos agradáveis tendem a fazer o tempo parecer mais rápido, enquanto experiências desagradáveis aumentam a sensação de que o tempo se arrasta.

Considerando todos esses aspectos, parece claro que a percepção do tempo é um fenômeno complexo, influenciado por uma variedade de fatores, como a idade, estado emocional, memória, experiências sensoriais e linguagem. A compreensão desses elementos pode nos ajudar a apreciar mais cada momento e a desacelerar o tempo em meio à correria do dia a dia. Assim, ao nos permitirmos explorar novas atividades, experiências e emoções, podemos tornar nossa vida mais rica e significativa.

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