Estrutura precária do SUS para pacientes com transtorno mental em conflito com a lei gera preocupação entre gestores públicos municipais e estaduais

Gestores públicos de diversas esferas do governo têm manifestado preocupações em relação à estrutura do SUS (Sistema Único de Saúde) para acolher pessoas que cometeram crimes e possuem transtornos mentais. Essas preocupações surgem devido às restrições orçamentárias enfrentadas pelo sistema de saúde pública. A falta de recursos tem impactado diretamente no atendimento médico desses indivíduos, que deveriam receber cuidados especiais na Raps (Rede de Atenção Psicossocial).

De acordo com uma resolução do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), editada para garantir a aplicação da Lei Antimanicomial de 2001, a Raps é composta por uma série de serviços destinados à saúde mental, incluindo hospitais gerais com leitos psiquiátricos. No entanto, desde o ano passado, o CNJ tem enfrentado obstáculos para desativar os manicômios judiciários e encaminhar mais de 2.000 internos para tratamento pelo SUS.

O vice-presidente do Conasems (Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde), Geraldo Reple Sobrinho, também destacou a falta de familiares dispostos a acolher os pacientes que saem dessas unidades, muitas vezes sendo encaminhados para serviços residenciais terapêuticos. Ele citou o alto custo dessas residências e ressaltou a necessidade de buscar alternativas mais viáveis do ponto de vista financeiro.

Além disso, o presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Fábio Baccheretti, apontou outros desafios enfrentados pela rede de saúde pública, como a escassez de psiquiatras. Ele enfatizou a importância de um esforço conjunto dos estados para superar essas dificuldades, mas reconheceu que o sistema ainda não está plenamente preparado para lidar com essa demanda.

O Ministério da Saúde informou que tem adotado medidas para fortalecer a Raps, incluindo o aumento do orçamento e ações de acolhimento integral aos pacientes com transtornos mentais em conflito com a lei. Já a Senappen, do Ministério da Justiça, afirmou que está acompanhando as discussões sobre a política antimanicomial, mas reconheceu que ainda não foram investidos recursos financeiros para a desativação dos manicômios judiciários.

Diante desse cenário complexo, os gestores públicos e as autoridades de saúde continuam em busca de soluções eficazes para garantir um atendimento adequado e digno a essas pessoas que necessitam de cuidados especiais. A questão orçamentária e a falta de estrutura são desafios urgentes a serem superados para assegurar o cumprimento dos direitos desses indivíduos.

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