Há mais de 7 mil anos, na Mesopotâmia, as mulheres já se dedicavam à fabricação da cerveja, misturando grãos de cereais, água e ervas para criar uma bebida nutritiva. Essa prática foi se aprimorando ao longo dos anos, chegando à Europa na Idade Média, quando as mulheres detinham o conhecimento e domínio sobre a produção e comercialização da cerveja.
No entanto, com o passar do tempo, as licenças de produção passaram a ser controladas pelos maridos, tirando das mulheres a autonomia sobre esse bem precioso. A versão mais difundida da origem da cerveja hoje atribui aos monges a sua invenção, mas na verdade foi uma mulher, a abadessa Hildegarda de Bingen, quem introduziu o uso do lúpulo na fabricação da bebida, o que revolucionou o processo.
Hildegarda, uma figura notável que combinava suas habilidades como mestre cervejeira, teóloga, escritora e botânica, foi canonizada pela Igreja Católica séculos depois de sua morte. Além de suas contribuições para a cerveja, ela também é reconhecida por ter feito a primeira descrição escrita conhecida de um orgasmo feminino, desafiando os padrões da época.
Sua obra, que descreve detalhadamente os processos fisiológicos envolvidos no prazer sexual, foi publicada há doze séculos, ressaltando a importância e a relevância de Hildegarda não apenas para a história da cerveja, mas também para a compreensão do prazer e da sexualidade feminina.
Assim, a história da cerveja revela não apenas a importância das mulheres na sua origem e desenvolvimento, mas também o papel de figuras como Hildegarda de Bingen, que desafiaram normas e contribuíram de forma significativa para a cultura e a ciência de sua época.
