Exploração de petróleo na Terra Indígena de Sissaíma preocupa moradores e ambientalistas na região amazônica.

Na região de Careiro da Várzea, localizada no leste do Amazonas, a pequena terra indígena de Sissaíma aguarda ansiosamente pela demarcação de seu território. No entanto, seus moradores, pertencentes à etnia mura, enfrentam diversos desafios decorrentes da proximidade com fazendas e do avanço da atividade agropecuária na região.

O cotidiano dos indígenas de Sissaíma é marcado pela convivência com as queimadas nas propriedades vizinhas, que geram intensas nuvens de fumaça durante a seca amazônica. Além disso, a presença de búfalos criados pelos fazendeiros tem impactos ambientais, como a contaminação de rios e lagos, prejudicando a reprodução de peixes.

Outros problemas enfrentados pelos muras de Sissaíma incluem o cerco de madeireiros ilegais e a presença do tráfico de drogas em comunidades próximas. Diante desse cenário desafiador, as lideranças indígenas buscam fortalecer a identidade cultural e religiosa de seu povo, sendo a maioria da comunidade evangélica.

Recentemente, a aldeia de Sissaíma foi palco da inauguração de um centro cultural, que contou com a presença de convidados de outras comunidades da região do rio Mutuca. Durante o evento, os participantes desfrutaram de um churrasco de bois, além de apresentações musicais com músicas gospel em ritmo de forró.

Um dos grandes desafios que os muras de Sissaíma enfrentam é a falta de conhecimento sobre um projeto de exploração de petróleo em um bloco situado a menos de um quilômetro de seu território. Caso esse projeto seja concretizado, representará uma nova frente de embate para os cerca de 200 indígenas que habitam essa região da Amazônia ocidental.

O cacique de Sissaíma, Ozeias Cordeiro, relata que a informação sobre a existência do bloco de petróleo chegou através de uma pessoa do Cimi (Conselho Indigenista Missionário), em 2017. Desde então, pouco se sabe sobre o andamento desse projeto. No entanto, a oferta de cinco blocos para exploração de óleo e gás na Amazônia pela ANP em dezembro de 2023 trouxe novos contornos à situação.

Esses blocos impactam unidades de conservação e comunidades tradicionais, incluindo seis terras indígenas e 11 unidades de conservação, conforme laudos do Ministério Público Federal. A ação civil pública movida pelo MPF pede a anulação da concessão dos blocos, justamente por representarem ameaças ao meio ambiente e às populações locais.

A empresa arrematadora dos blocos, ATEM Participações, afirmou ter realizado um diagnóstico socioambiental prévio e ter o apoio dos Ministérios de Minas e Energia e do Meio Ambiente. No entanto, a comunidade indígena e as organizações ambientais seguem mobilizadas contra a exploração de petróleo nessa região sensível da Amazônia.

Diante dos desafios socioambientais impostos pela possível exploração de petróleo, as comunidades tradicionais da região, como os muras de Sissaíma, estão mobilizadas em defesa de seus territórios e do meio ambiente. O embate entre interesses econômicos e a preservação da biodiversidade amazônica continua sendo uma questão crucial a ser enfrentada, diante da pressão por recursos naturais e do impacto das atividades humanas na região.

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