Dossiê sobre terapia ABA para autistas gera polêmica: especialistas divergem sobre eficácia e regulamentação da abordagem comportamental.

Esta semana, um dossiê entregue à ministra Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania) por três associações de autistas e pessoas com outras deficiências gerou um intenso debate sobre a abordagem terapêutica conhecida como análise do comportamento aplicada (ABA, na sigla em inglês). Essa abordagem, amplamente utilizada nos Estados Unidos e presente em algumas universidades brasileiras, tem enfrentado resistência devido a práticas equivocadas do passado e à falta de regulamentação da profissão de analista do comportamento no Brasil.

A discussão ganhou destaque no cenário nacional com a declaração de Thais Porlan, analista do comportamento e professora da UFMG, que defendeu a necessidade de regulação da formação de terapeutas para garantir a qualidade dos serviços prestados. Segundo Porlan, é fundamental que os planos de saúde e o SUS trabalhem com profissionais bem formados e aptos a aplicar os conhecimentos técnicos exigidos pela ABA.

Outro ponto abordado foi a intensidade da carga horária da terapia, que é preconizada pela ciência da ABA, especialmente no caso de crianças pequenas. Pesquisas indicam que a intervenção precoce pode resultar em ganhos significativos no desenvolvimento e na aprendizagem de habilidades fundamentais. A definição da intensidade do tratamento deve ser feita por profissionais qualificados, levando em consideração as necessidades e possibilidades de cada indivíduo.

Uma das críticas levantadas pelo dossiê foi a comparação da ABA com um regime manicomial, o que foi considerado desrespeitoso e injusto por profissionais e pesquisadores da área. A ABA tem sido fundamental na melhoria da qualidade de vida e no desenvolvimento da autonomia de muitos autistas e suas famílias, sendo essencial para garantir direitos básicos e promover o bem-estar dos indivíduos.

Para garantir uma atuação ética dos profissionais, é fundamental investir na formação adequada e na regulamentação da profissão de terapeuta. A população deve ser informada de forma correta sobre os benefícios da ABA e evitar associações negativas e infundadas que possam prejudicar a implementação de terapias eficazes. A universidades públicas brasileiras têm um papel fundamental nesse processo, produzindo conhecimento e formando profissionais comprometidos com a ética e a qualidade dos serviços prestados.

Em meio ao debate em torno da ABA, é essencial buscar um consenso que garanta o acesso a terapias eficazes e de qualidade para autistas e pessoas com outras deficiências, respeitando sempre os direitos e a individualidade de cada indivíduo.

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