Denúncia de terapias excessivas para autistas gera polêmica e alerta sobre violação dos direitos humanos no Brasil

No decorrer da história, a visão sobre o autismo e o tratamento de pessoas dentro do espectro autista passou por diversas transformações. Nos anos 1940, havia a crença de que a falta de afeto dos pais, em especial das mães, poderia levar as crianças a desenvolverem autismo. Atualmente, há uma maior conscientização sobre a condição e a importância de tratamentos adequados.

Recentemente, três associações ligadas ao autismo e pessoas com deficiência entregaram um dossiê à Ministra dos Direitos Humanos e da Cidadania, Macaé Evaristo, denunciando a prática do excesso de horas de terapia imposta a pessoas autistas no Brasil, com destaque para a Análise do Comportamento Aplicada (ABA). Essa prática foi considerada uma “forma moderna de regime manicomial” e uma “grave violação aos direitos humanos”.

A repercussão do dossiê nas redes sociais gerou um intenso debate, com críticas sendo levantadas por outras associações, pesquisadores, autistas e familiares. Enquanto alguns argumentam contra o documento, apontando possíveis retrocessos no acesso a terapias com base científica, outros defendem a necessidade de práticas respeitosas e embasadas em evidências.

Os tratamentos recomendados para autistas costumam ser intensivos, envolvendo profissionais de diversas áreas, tais como psicólogos, terapeutas ocupacionais e fonoaudiólogos. No entanto, a realidade do acesso a esses tratamentos no Brasil, tanto pelo SUS quanto na rede privada, ainda apresenta desafios em relação à qualidade e intensidade necessária.

É fundamental buscar práticas que respeitem os direitos humanos dos pacientes, mas também que sejam embasadas em evidências e realizadas por profissionais qualificados. Além disso, é preciso promover mais acesso a terapias adequadas, regulamentação da profissão de analista do comportamento e um debate democrático para definir as políticas voltadas para autistas no país.

Diante dessas questões, é fundamental garantir um espaço de diálogo e entendimento, visando o bem-estar e o tratamento adequado das pessoas dentro do espectro autista. A era das mães que maltratam os filhos precisa ser deixada para trás, em busca de práticas mais humanizadas e eficazes para o tratamento do autismo.

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