Segundo Suena Brandão, presidente da Comissão Nacional de Promoção da Igualdade do Conselho Federal da OAB, mesmo em grandes empresas e instituições públicas, as políticas internas de enfrentamento ao assédio ainda não são eficazes. Isso acaba por revitimizar a pessoa agredida, que muitas vezes se vê obrigada a escolher entre o silêncio e possíveis retaliações após a denúncia.
Recentemente, um caso de destaque envolvendo o ministro Silvio Almeida, que foi demitido da pasta de Direitos Humanos do governo, após acusações de assédio sexual feitas pela ONG Me Too Brasil. A falta de estrutura tanto no setor público quanto no privado para lidar com casos de assédio no ambiente de trabalho é uma realidade que precisa ser modificada, de acordo com as especialistas ouvidas.
Para Bianca Dias, advogada especialista em direito do trabalho, é fundamental que as ouvidorias tenham a capacidade de acolher as vítimas, fornecendo suporte psicológico durante todo o processo de denúncia. Além disso, é necessário que esses órgãos tenham autonomia para investigar os fatos e definir as punições necessárias.
A questão da representatividade nos cargos das ouvidorias também foi ressaltada pelas especialistas, que defendem uma política de equidade de gênero e antirracista para lidar de forma eficaz com denúncias de assédio. A investigação dos casos deve considerar diferentes elementos apresentados pelas vítimas, já que o assédio é uma violência difícil de ser comprovada, principalmente quando ocorre em ambiente privado.
Em suma, a mudança cultural no espaço de trabalho, a diversidade nos cargos e uma abordagem mais sensível e empática em relação às vítimas são essenciais para combater o assédio de gênero em todas as esferas da sociedade. Este é um desafio que requer ações concretas e políticas eficazes de proteção às mulheres.