Seca extrema afeta nove em cada dez terras indígenas na Amazônia Legal, levando à falta de alimentos e água

Um levantamento realizado pela InfoAmazonia revelou que nove em cada dez terras indígenas na Amazônia Legal foram atingidas pela seca no mês de julho deste ano. Dos 388 territórios na região, 358 enfrentaram o problema, afetando diretamente a rotina e a segurança alimentar dessas populações.

O estado do Amazonas é o que apresenta o maior número de terras indígenas em situação de seca, com 146 territórios afetados. Em seguida, estão o Mato Grosso, com 68, e o Pará, com 55. Um exemplo dramático dessa realidade é a Terra Indígena Cacau do Tarauacá, no município de Envira (AM), que passou de uma situação de normalidade em julho de 2023 para uma seca extrema em julho de 2024. Nessa região, o povo Kulina vive às margens do rio Tarauacá e enfrenta a escassez de água, afetando não só a alimentação, mas também a locomoção e o acesso a serviços básicos.

Além disso, há comunidades que sofrem com a falta de água potável, como é o caso do Distrito Especial Indígena Alto Rio Solimões, no Amazonas, onde 32,5 mil pessoas não têm acesso a poços ou caminhões-pipa. A seca, intensificada pelo fenômeno El Niño, que inibiu a formação de nuvens, cria um cenário desafiador para os povos indígenas, que têm as florestas como seu principal sustento e estão entre os mais impactados pelos extremos climáticos.

Diante dessa situação, a Articulação das Organizações e Povos Indígenas do Amazonas (Apiam) está buscando apoio para garantir a alimentação das comunidades afetadas. No entanto, a falta de ações concretas das autoridades públicas é apontada como um agravante da crise. A urgência do tema é evidente, mas o governo federal ainda está em processo de desenvolvimento de um plano nacional de adaptação climática, que só deverá ser apresentado em 2025.

Enquanto isso, as populações indígenas da Amazônia Legal continuam a enfrentar os desafios da seca, lutando não apenas pela sobrevivência imediata, mas também por políticas efetivas que garantam a sustentabilidade de seus territórios e a preservação de seus modos de vida ancestrais.

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