Lula anuncia que novo acordo de reparação da tragédia de Mariana será assinado em outubro após anos de impasse e descaso.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou, em uma declaração nesta quinta-feira (5), que um novo acordo de reparação dos danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora Samarco, em Mariana (MG), em 2015, será assinado no próximo mês de outubro. A tragédia, que resultou na morte de 19 pessoas e causou graves impactos ambientais na região da Bacia do Rio Doce, envolve a empresa controlada pela Vale e pela britânica BHP Billinton.

Durante uma entrevista à Rádio Vitoriosa, de Uberlândia, Lula expressou sua satisfação com o desfecho iminente do acordo, após mais de dez anos de negociações fracassadas e descumprimentos por parte da Vale. O ex-presidente ressaltou a importância de um maior cuidado e comprometimento por parte da nova diretoria da Vale, visando o desenvolvimento sustentável da empresa.

A tragédia de Mariana, considerada o maior desastre ambiental provocado pelo setor de mineração no Brasil, ainda repercute após mais de oito anos, sem que as partes envolvidas tenham conseguido chegar a um consenso sobre a reparação dos danos causados. O rompimento da barragem da Samarco em 2015 resultou na liberação devastadora de 39 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, causando mortes e destruição ao longo da Bacia do Rio Doce.

O novo acordo visa resolver mais de 80 mil processos judiciais pendentes relacionados à tragédia, abordando questões como a autonomia da Fundação Renova, os atrasos na reconstrução das comunidades afetadas, os valores das indenizações e a inclusão de todos os atingidos nos reparos. Recentemente, uma proposta de R$ 90 bilhões apresentada pelas mineradoras foi recusada pela União e pelo Espírito Santo. As autoridades defendem um montante de R$ 109 bilhões para a reparação integral dos danos.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB) manifestou sua oposição à proposta das mineradoras, alegando que o valor não é suficiente para garantir a reparação completa às famílias afetadas. O movimento solicitou ao governo federal a rejeição do acordo e busca uma audiência com o presidente Lula para discutir o assunto. A carta aberta enviada pelo MAB destaca a necessidade de um acordo justo e que priorize as necessidades das vítimas, em contrapartida aos interesses exclusivamente financeiros das empresas envolvidas.

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