Segundo a CNC, essa diminuição no endividamento reflete uma maior cautela das famílias em relação ao uso do crédito. Por outro lado, o número de famílias que se consideram “muito endividadas” aumentou, chegando a 16,8%. De acordo com o presidente do Sistema CNC-Sesc-Senac, José Roberto Tadros, o cenário macroeconômico ainda apresenta desafios, apesar do crescimento de 1,4% do PIB no segundo trimestre. O alto índice de juros e a lenta recuperação econômica geram incertezas para as famílias e podem impactar o consumo e o crescimento.
No que diz respeito à inadimplência, houve uma estabilidade, com 28,8% das famílias apresentando dívidas em atraso pelo terceiro mês seguido. No entanto, o percentual daquelas que não terão condições de pagar essas dívidas aumentou para 12,1%, indicando que as dificuldades financeiras permanecem mesmo com a estabilização. Além disso, o índice de dívidas em atraso há mais de 90 dias alcançou 48,6%, o maior desde março de 2020.
O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, destacou que o comprometimento da renda das famílias com o pagamento de dívidas ainda é alto, com 29,6% da renda média comprometida em agosto. As projeções indicam que o endividamento deve aumentar no último trimestre do ano, acompanhado de uma elevação gradual da inadimplência, que poderá atingir 29,5% até dezembro.
Atualmente, o cartão de crédito lidera nas modalidades de crédito, com 85,7% de participação entre os devedores. O crédito pessoal também teve um aumento significativo, refletindo as recentes reduções nas taxas de juros. No entanto, o estado do Rio Grande do Sul enfrenta um cenário de aumento no endividamento, alcançando 92,9% em agosto e registrando altos índices de famílias endividadas com contas em atraso e sem condições de pagá-las. A expectativa é que o endividamento e a inadimplência continuem em trajetória de crescimento nos próximos meses.