Pedro e eu compartilhamos a mesma paixão pelos estudos e a mesma trajetória de sair de uma escola precária para se tornar bolsista em um dos colégios mais renomados de São Paulo. No entanto, a segregação dos bolsistas do Colégio São Luís, onde estudei, revela as barreiras impostas pela diferença social no ambiente escolar.
Enquanto no Colégio Bandeirantes os bolsistas e pagantes frequentam as mesmas turmas, no São Luís os bolsistas do período noturno são separados dos alunos pagantes do diurno. Essa segregação, justificada pela instituição como forma de atender alunos que trabalham, é questionável sob a lei que veda qualquer discriminação entre alunos bolsistas e pagantes.
A experiência de ser bolsista no São Luís trouxe à tona a realidade das desigualdades educacionais no Brasil. Além das restrições de horário e acesso às instalações, os bolsistas eram submetidos a normas discriminatórias, como um uniforme diferenciado e a proibição do uso do tradicional uniforme branco.
A morte de uma colega bolsista, que enfrentou bullying por sua condição social e religiosa, evidenciou a intolerância e o ódio presentes até mesmo entre os próprios bolsistas. O colégio, que posteriormente mudou para um novo espaço e adotou medidas para se adequar à nova legislação de filantropia, ainda mantém a segregação por turno e proíbe o uso do uniforme branco aos bolsistas.
Diante dessas realidades, o legado de Pedro, da minha colega falecida e de tantos outros jovens que enfrentam as barreiras da educação elitizada, nos convida a refletir sobre a importância de promover uma educação inclusiva e igualitária, onde todos os alunos, independentemente de sua condição socioeconômica, tenham oportunidades iguais de crescimento e desenvolvimento. A educação deve ser um espaço de acolhimento, respeito e valorização do potencial de cada indivíduo, sem discriminações ou segregações que possam limitar seu futuro.ournada.