Número de mortes violentas de crianças e adolescentes aumenta em São Paulo após cinco anos de queda, aponta levantamento do Unicef.

O Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) divulgou um levantamento nesta terça-feira (3) que trouxe dados alarmantes sobre as mortes violentas de crianças e adolescentes no estado de São Paulo. Após cinco anos de queda, o número de mortes nesta faixa etária voltou a subir em 2022, segundo o estudo intitulado “O impacto das múltiplas violações de direitos contra crianças e adolescentes – Uma análise intersetorial sobre as mortes violentas de crianças e adolescentes no estado de São Paulo de 2015 a 2022”.

De acordo com o relatório, nos oito anos analisados, foram registradas 2.539 mortes por homicídio, latrocínio e lesão corporal seguida de morte, e 1.408 em decorrência de intervenção policial, totalizando 28.390 vítimas fatais nesse período. O ano de 2016 foi o mais letal para crianças e adolescentes, com 475 mortes, sendo que em 2021 o número havia caído para 209. Contudo, em 2022 houve um aumento, com 213 registros.

O estudo destacou que, do grupo de vítimas de homicídio, 84,2% eram do sexo masculino e a faixa etária mais afetada era a de 15 a 19 anos, representando 87% dos casos. Além disso, a maioria das vítimas era de crianças e adolescentes pretos e pardos, com 66% em 2022. A chefe do escritório do Unicef em São Paulo, Adriana Alvarenga, enfatizou a necessidade de investir na garantia dos direitos básicos desses jovens, como educação e saúde.

O relatório também evidenciou a ligação entre as mortes e as condições socioeconômicas das vítimas, apontando que a maioria das famílias das vítimas vivia em situação de pobreza extrema. O estudo revelou que a renda média dos adolescentes falecidos era significativamente menor do que a média do CadÚnico, com metade vivendo em domicílios com renda per capita abaixo de R$100.

Outro dado alarmante foi o número de adolescentes que cumpriram medida de internação na Fundação Casa e, subsequentemente, vieram a falecer de forma violenta. A análise apontou que metade dos adolescentes morreu menos de 300 dias após sair da instituição, com 23% dos óbitos relacionados a homicídios e 38% a intervenções policiais.

Diante desses dados preocupantes, é essencial que políticas públicas eficazes sejam implementadas para garantir a segurança e o bem-estar das crianças e adolescentes do estado de São Paulo. A violência letal contra essa parcela da população precisa ser combatida de maneira ampla, envolvendo não apenas segurança pública, mas também investimentos em educação, saúde e assistência social.

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