Convento dos Dominicanos em Perdizes: história de resistência, luta e tragédia na ditadura militar brasileira

Em Perdizes, um bairro de São Paulo conhecido pela sua história e tradição, o Conjunto dos Dominicanos passou por uma transformação significativa. A sede histórica do local foi convertida em uma filial do colégio Pentágono, que agora aluga o espaço para suas atividades. Apesar disso, ainda permanecem a igreja de São Domingos, o convento novo e os prédios localizados na rua Atibaia, que abrigam as residências dos frades. Este ambiente, marcado pela tranquilidade e elevação, é um local onde a filosofia e a reflexão são praticadas sob uma ótica progressista.

A história do convento Santo Alberto Magno, fundado pela Ordem Dominicana em 1938, sempre esteve associada a um ambiente de mentalidade aberta e preocupação com as questões sociais e políticas. Na década de 1950, o local se tornou um ponto de encontro e debate, especialmente durante os tempos de ditadura, quando os frades dominicanos se aproximaram do movimento estudantil e se engajaram ativamente na defesa dos direitos humanos e da democracia.

Dentre os frades mais notáveis desse período, destacam-se Frei Betto e Frei Tito. Frei Betto, cujo nome de batismo é Carlos Alberto Libânio Christo, tornou-se um escritor e pensador de renome, utilizando sua militância para mostrar como a ditadura era incompatível com os valores do Evangelho. Ele e seus companheiros dominicanos demonstraram uma grande sintonia com as demandas políticas da época, apoiando a luta armada e colaborando com a ANL, de Carlos Marighella.

A colaboração dos dominicanos com a guerrilha rendeu-lhes repercussões graves. Em uma operação conhecida como Batina Branca, liderada pelo delegado Sergio Fleury Filho em 1969, vários frades, incluindo Frei Betto e Frei Tito, foram presos e submetidos a torturas. A história de Frei Tito de Alencar Lima é particularmente trágica, culminando em seu suicídio em 1974, após anos de tortura e exílio.

A trajetória dos dominicanos de Perdizes, marcada por coragem, engajamento político e defesa dos direitos humanos, representa um capítulo importante na história do Brasil e nos desafios enfrentados durante a ditadura militar. Ainda hoje, a memória desses frades permanece viva, sendo reconhecida e celebrada pelos que valorizam a luta pela justiça e pela liberdade.

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