Segundo os dados do Monitor da Violência Política de Gênero e Raça, nenhuma dessas ações havia transitado em julgado até o momento da pesquisa, evidenciando a morosidade do sistema de justiça em investigar e responsabilizar os envolvidos nos casos. O estudo também apontou que todas as vítimas das ações penais eram mulheres eleitas, enquanto 92% dos acusados eram homens, sendo 62% deles brancos. Metade dos episódios de violência ocorreu em ambiente parlamentar, demonstrando a vulnerabilidade das mulheres no exercício de suas funções políticas.
Michelle Ferreti ressaltou que a lei de violência política de gênero ainda apresenta falhas na proteção das mulheres sem mandato, especialmente as mulheres negras, que sofrem ameaças mais graves e enfrentam os casos mais graves de violência política. Além disso, a pesquisadora alertou para a subnotificação dos casos, indicando que muitas vítimas têm receio de denunciar e que a compreensão da lei pelos atores do sistema de justiça ainda é deficiente, levando a uma classificação inadequada dos crimes.
A pesquisa também apontou que 30% dos casos de violência política ocorreram de forma virtual, evidenciando a cultura política violenta e sexista presente nos espaços de poder. Para combater a subnotificação e promover a responsabilização dos agressores, o Instituto Alziras e o Ministério Público Federal disponibilizam canais de denúncia para casos de violência política de gênero. É fundamental que medidas urgentes sejam adotadas para garantir eleições mais seguras para as mulheres e combater a violência política no país.