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Família vive sob ponte após enchente no RS; enfrenta desafios, resistência à realocação e espera por nova moradia

Em Porto Alegre, a história de Milton do Nascimento se tornou um retrato da realidade de diversas famílias afetadas pelas enchentes que inundaram o Rio Grande do Sul no início de maio. Com sua casa inabitável, ele e sua família encontraram abrigo debaixo de uma ponte, a apenas 300 metros de sua residência original. A história não é única, pois segundo dados da prefeitura, 12 famílias ainda permanecem morando às margens da rodovia na região das ilhas mesmo quatro meses após as enchentes.

Os moradores da estrada resistem em deixar o local e se mudar para um centro humanitário inaugurado pelo governo estadual, por razões como medo de saques na residência afetada e cansaço dos abrigos temporários. No caso de Milton, a resistência se dá pelo grande número de animais que a família mantém, mais de 40 bichos, tornando difícil a realocação em um abrigo urbano.

Com as doações de madeira e lonas, a família construiu uma cocheira e um chiqueiro para os animais debaixo da ponte. A rotina da família é marcada pela lida diária com os animais, pelo trabalho informal de frete de Milton e pelos estudos de Gabriela em uma unidade de Educação de Jovens e Adultos. A situação precária reflete a dificuldade em realocar as famílias afetadas de maneira definitiva.

O governo federal anunciou a compra de 10.000 residências prontas e a construção de 11.500 unidades no programa Minha Casa Minha Vida no Rio Grande do Sul. Entretanto, a lentidão na resposta aos danos causados pelas enchentes tem gerado debates entre autoridades locais e federais. A família de Milton se enquadra nos critérios de assistência habitacional do governo, mas ainda aguarda a garantia de uma nova moradia.

A situação de Milton e sua família reflete não apenas a tragédia das enchentes, mas também a complexidade e lentidão dos processos de reconstrução e realocação das famílias afetadas. Enquanto isso, a vida segue debaixo da ponte, com a esperança de um dia poderem retornar a uma moradia digna e segura.

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