Há quatro anos, uma base de pesquisa foi estabelecida na região, proporcionando avanços significativos em estudos e ações de preservação. Com um laboratório de campo completo, o Instituto Tamanduá tem se dedicado não apenas à proteção do tamanduaí, mas também à conservação do ecossistema local.
Estratégias como reflorestamento, conservação de áreas e turismo de base comunitária têm sido adotadas para garantir a proteção da biodiversidade do manguezal do Delta do Parnaíba. Marion Silva, bióloga e gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, ressalta a importância desse esforço e a necessidade de ampliar as unidades de conservação para garantir o desenvolvimento seguro de espécies como o tamanduaí.
Com aproximadamente 30 centímetros de comprimento e até 400 gramas de peso, o tamanduaí é uma espécie solitária, com hábitos noturnos e que passa a maior parte do tempo nas copas das árvores. Ainda pouco conhecido, o animal é classificado pela IUCN como “dados deficientes”, o que ressalta a importância dos estudos em andamento desde 2008 para compreender melhor sua ocorrência nas Américas Central e do Sul.
Flávia Miranda, médica veterinária e coordenadora do Instituto Tamanduá, destaca a surpreendente descoberta de que os tamanduaís do Delta do Parnaíba estão separados há 2 milhões de anos dos da Amazônia. Essas pesquisas têm contribuído para ampliar o conhecimento sobre a espécie e sua evolução em diferentes regiões do continente.
Além de ser o lar do tamanduaí, o Delta do Parnaíba abriga mais de 80 ilhas em uma vasta área de manguezais, considerada um berçário da vida marinha e habitat de diversas espécies importantes, como o peixe-boi e o guará. No entanto, a região enfrenta desafios como o turismo predatório, a presença de animais domésticos em áreas de manguezal e interesses comerciais, como usinas eólicas.
Para lidar com esses desafios, os pesquisadores têm buscado soluções em parceria com a população local. Áreas de manguezal foram cercadas para evitar a entrada de animais domésticos, e quase 2 hectares já foram restaurados com vegetação nativa. O desenvolvimento do turismo de base comunitária tem sido uma das alternativas econômicas e sustentáveis propostas para a região.
A coleta de sêmen do tamanduaí foi realizada pela primeira vez, proporcionando oportunidades para pesquisas reprodutivas monitoradas e, se necessário, para a reintrodução de animais no habitat natural. Além disso, a criação da Resex Casa Velha do Saquinho, como uma unidade de conservação próxima à Resex Marinha do Delta do Parnaíba, representa um passo importante na proteção não apenas do tamanduaí, mas de todo o ecossistema local.
O trabalho de preservação do tamanduaí e de seu habitat no Delta do Parnaíba é um exemplo inspirador de como a ciência, a comunidade e as instituições ambientais podem se unir para garantir um futuro sustentável para as espécies em risco e para os ecossistemas vulneráveis.