Repórter São Paulo – SP – Brasil

Programa do Instituto Tamanduá identifica mais de 30 tamanduás do tipo no Delta do Parnaíba, promovendo a conservação do manguezal.

Em uma região paradisíaca do litoral nordestino, o tamanduaí é o protagonista de uma história de conservação e preservação do manguezal. Considerado o menor tamanduá do mundo, o Cyclopes didactylus tem despertado o interesse de pesquisadores e ambientalistas no Delta do Parnaíba, onde mais de 30 animais dessa espécie foram identificados pelo Instituto Tamanduá.

Há quatro anos, uma base de pesquisa foi estabelecida na região, proporcionando avanços significativos em estudos e ações de preservação. Com um laboratório de campo completo, o Instituto Tamanduá tem se dedicado não apenas à proteção do tamanduaí, mas também à conservação do ecossistema local.

Estratégias como reflorestamento, conservação de áreas e turismo de base comunitária têm sido adotadas para garantir a proteção da biodiversidade do manguezal do Delta do Parnaíba. Marion Silva, bióloga e gerente de Ciência e Conservação da Fundação Grupo Boticário, ressalta a importância desse esforço e a necessidade de ampliar as unidades de conservação para garantir o desenvolvimento seguro de espécies como o tamanduaí.

Com aproximadamente 30 centímetros de comprimento e até 400 gramas de peso, o tamanduaí é uma espécie solitária, com hábitos noturnos e que passa a maior parte do tempo nas copas das árvores. Ainda pouco conhecido, o animal é classificado pela IUCN como “dados deficientes”, o que ressalta a importância dos estudos em andamento desde 2008 para compreender melhor sua ocorrência nas Américas Central e do Sul.

Flávia Miranda, médica veterinária e coordenadora do Instituto Tamanduá, destaca a surpreendente descoberta de que os tamanduaís do Delta do Parnaíba estão separados há 2 milhões de anos dos da Amazônia. Essas pesquisas têm contribuído para ampliar o conhecimento sobre a espécie e sua evolução em diferentes regiões do continente.

Além de ser o lar do tamanduaí, o Delta do Parnaíba abriga mais de 80 ilhas em uma vasta área de manguezais, considerada um berçário da vida marinha e habitat de diversas espécies importantes, como o peixe-boi e o guará. No entanto, a região enfrenta desafios como o turismo predatório, a presença de animais domésticos em áreas de manguezal e interesses comerciais, como usinas eólicas.

Para lidar com esses desafios, os pesquisadores têm buscado soluções em parceria com a população local. Áreas de manguezal foram cercadas para evitar a entrada de animais domésticos, e quase 2 hectares já foram restaurados com vegetação nativa. O desenvolvimento do turismo de base comunitária tem sido uma das alternativas econômicas e sustentáveis propostas para a região.

A coleta de sêmen do tamanduaí foi realizada pela primeira vez, proporcionando oportunidades para pesquisas reprodutivas monitoradas e, se necessário, para a reintrodução de animais no habitat natural. Além disso, a criação da Resex Casa Velha do Saquinho, como uma unidade de conservação próxima à Resex Marinha do Delta do Parnaíba, representa um passo importante na proteção não apenas do tamanduaí, mas de todo o ecossistema local.

O trabalho de preservação do tamanduaí e de seu habitat no Delta do Parnaíba é um exemplo inspirador de como a ciência, a comunidade e as instituições ambientais podem se unir para garantir um futuro sustentável para as espécies em risco e para os ecossistemas vulneráveis.

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