Uma das mudanças positivas apresentadas pela cartilha é o reconhecimento de que a presença das igrejas evangélicas nas periferias não deve ser vista como concorrência ao partido, mas sim como parceiras na prestação de serviços de socialização e desenvolvimento humano. Além disso, a cartilha abandona termos consagrados pela Teologia da Libertação, optando por uma linguagem mais acessível e enfocada na transformação pessoal e na melhoria de vida.
No entanto, a cartilha apresenta algumas imprecisões e lacunas que podem comprometer sua eficácia. Por exemplo, ao falar sobre evangélicos fundamentalistas, a cartilha pode gerar ruído na comunicação ao não distinguir entre fundamentalismo e conservadorismo. Além disso, a ausência de uma definição clara sobre a posição do PT em relação à esquerda e ao progressismo também pode gerar dúvidas entre os evangélicos que têm simpatia pelo bolsonarismo.
Outro ponto de destaque na cartilha é a relação entre Estado e religião, que é abordada de maneira reticente, deixando espaço para interpretações ambíguas. A questão da família também é tratada de forma estratégica, o que pode gerar desconfiança entre os evangélicos se não for comunicada com transparência.
Em suma, a “Cartilha Evangélica: Diálogo nas Eleições” representa um esforço do PT para se aproximar dos eleitores evangélicos, mas algumas imprecisões e ausências podem comprometer a eficácia do documento na comunicação com esse segmento do eleitorado. É importante que o partido revise e esclareça esses pontos para garantir uma comunicação eficaz com os evangélicos que estão fora da base tradicional do PT.