Repórter São Paulo – SP – Brasil

Estudo revela que facção criminosa PCC realiza “censo do crime” para mapear membros e rivais a cada 15 dias

Em um interessante estudo produzido pela pesquisadora Camila Nunes Dias para o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), foi revelado que a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) realiza um verdadeiro censo para quantificar não apenas os membros de suas fileiras, mas também das siglas rivais. A pesquisa apontou que o PCC se empenha em repetir esse censo a cada 15 dias, visando distribuir recursos e planejar sua expansão de maneira estratégica.

Os resultados obtidos até o momento indicaram que, a partir de outubro de 2016, sete facções atuavam nos estados do Acre, Amazonas e Pará, conforme foi identificado pela pesquisadora. Vale ressaltar que, de acordo com Dias, o estudo não conseguiu precisar se essa foi a primeira vez que a facção realizou esse tipo de levantamento, mas coincidiu com o surgimento de conflitos relacionados à ruptura entre CV (Comando Vermelho) e PCC.

O estudo ganhou destaque ao evidenciar o empenho do PCC em obter essas informações até então desconhecidas pela sociedade. A pesquisadora, que também é autora do livro “PCC: Hegemonia nas prisões e monopólio da violência”, revelou que a facção paulista e o CV mantinham uma aliança estratégica para aquisição de drogas e armas, bem como para proteção mútua entre seus integrantes nas prisões controladas.

A pesquisa, parte do projeto “Dinâmicas da Violência nas Regiões Brasileiras” do Ipea, tem como objetivo analisar o crime organizado de forma qualitativa, utilizando dados do Atlas da Violência. A pesquisadora explicou que a facção realiza o censo por meio de uma liderança chamada “sintonia”, responsável por contabilizar os membros de cada facção nas unidades prisionais e repassar essas informações para a liderança estadual do PCC.

Esse minucioso levantamento realizado pelo PCC é visto como uma estratégia de crescimento e poder na região. A facção busca evitar a violência direta, priorizando a expansão por meio de projetos e estratégias de atração de novos membros. Além disso, a pesquisa revelou que o PCC utiliza uma abordagem empresarial em suas ações, visando o fortalecimento e expansão da facção de forma estruturada.

Portanto, o estudo de Camila Nunes Dias trouxe à tona informações significativas sobre a atuação do PCC no cenário nacional, revelando a complexidade e organização dessa facção criminosa, ao mesmo tempo em que levanta questões sobre o impacto do crime organizado na sociedade brasileira. A pesquisa tem contribuído para uma maior compreensão da dinâmica do crime no Brasil e das estratégias adotadas pelas facções criminosas para seu desenvolvimento e expansão.

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