Repórter São Paulo – SP – Brasil

Literatura Indígena: Resistência e Reivindicação de Vozes Ancestrais na Era Pós-Colonialista

Os povos indígenas, por muito tempo, foram retratados na literatura de forma colonizadora e estereotipada, sem direito à sua própria voz, conforme exemplificado na obra Iracema, de José de Alencar, um dos ícones do romantismo brasileiro. No entanto, apesar de terem sido silenciados, as vozes indígenas sempre resistiram, buscando potencializar suas narrativas além dos estereótipos impostos.

Durante a oitava edição da Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), em Salvador, a poeta Sony Ferseck, do povo Makuxi, e o escritor Edson Kayapó discutiram a importância de dar voz às narrativas indígenas e romper com a visão romantizada que sempre os retratou como passivos diante da colonização. Kayapó ressaltou que escritores indígenas atuam como porta-vozes de memórias silenciadas pela sociedade brasileira, trazendo à tona histórias e ancestralidades esquecidas.

A literatura indígena, segundo Kayapó, é uma fala coletiva e ancestral, que se torna um instrumento de resistência contra projetos de progresso que promovem genocídio e epistemicídio. O combate ao apagamento cultural passa pela publicação de mais obras indígenas, como a produzida pela produtora independente Wei, de Roraima, fundada por Sony Ferseck. A resistência, portanto, está fundamentada na arte e na busca por espaço nas escolas e nas universidades, para garantir que as narrativas indígenas sejam mais amplamente difundidas.

A necessidade de uma educação reencantada, que dialogue com outras culturas e promova a diversidade de pensamentos, se torna crucial para adiar o fim do mundo e preservar as cosmologias indígenas. A Flipelô, evento que abre espaço para debates como esse, é uma oportunidade para ampliar o conhecimento sobre a literatura indígena e os desafios enfrentados pelos povos originários na luta por visibilidade e respeito. A resistência indígena se mostra presente e atuante, buscando reverter a política de apagamento ainda presente na sociedade brasileira.

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