Nenhum outro abolicionista foi tão efetivo na sua ação política e na luta pela libertação dos escravos como Luiz Gama. Com seu trabalho advocatício em São Paulo, ele foi capaz de libertar mais de 700 pessoas escravizadas, amparando-se em regras vigentes e não cumpridas, como a Lei Feijó de 1831, que proibiu a importação de africanos no Brasil.
Nascido em 1830 em Salvador, Luiz Gama era filho de mãe negra livre e pai branco. Vendido ilegalmente como escravo aos 10 anos, por conta de uma dívida de jogo, ele conquistou sua própria liberdade judicialmente. Com 20 anos, pleiteou uma vaga na Faculdade de Direito do Largo São Francisco e rapidamente se destacou como pensador e escritor respeitado. Mesmo sem diploma de advogado, Gama venceu centenas de processos e tornou-se conhecido pela consistência de seu discurso e potência literária.
Embora tenha enfrentado muitos obstáculos e ataques de opositores, Luiz Gama é reconhecido como um dos maiores símbolos da luta contra o racismo e pela igualdade de direitos entre negros e brancos no Brasil. Em 2021, recebeu o título póstumo de doutor “honoris causa” da USP, em reconhecimento à sua contribuição histórica.
Para celebrar e manter viva a memória desse grande brasileiro, acontece anualmente a Caminhada Luiz Gama, organizada em três atos. O primeiro ato, “Aurora”, contou com uma roda de conversas e o lançamento de uma websérie em sua homenagem. O segundo ato, “A Palavra”, previsto para agosto, terá palestras e lançamentos de livros sobre a vida e obra de Gama. O terceiro ato, “Ocaso”, culminará em uma caminhada do Brás até o Cemitério da Consolação, onde será reafirmado o compromisso de não deixar morrer a ideia pela qual Luiz Gama tanto lutou.
Luiz Gama, o gigante abolicionista, deixou um legado de coragem, determinação e compromisso com a justiça e a igualdade. Sua história deve ser lembrada e celebrada como parte fundamental da luta pela liberdade e dignidade de todos os brasileiros.
