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Ataque armado a indígenas guarani-kaiowá em MS gera denúncias de violência e conflito fundiário na região de Douradina

Na última segunda-feira (5), indígenas e entidades indigenistas relataram mais um ataque a acampamentos guarani-kaiowá, localizados em Douradina, no Mato Grosso do Sul. Segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), ligado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), homens armados invadiram os acampamentos no início da noite do último domingo (4). Durante o ataque, ao menos um indígena foi ferido por balas de borracha, além de terem sido destruídos e incendiados barracos, pertences pessoais e símbolos importantes da cosmologia guarani-kaiowá.

Vídeos compartilhados nas redes sociais revelaram a presença de caminhonetes, tratores e automóveis na área conhecida como Retomada Yvy Ajere, no interior da Terra Indígena Panambi-Lagoa Rica. O Cimi denunciou que a investida dos homens armados ocorreu logo após perfis ruralistas divulgarem nas redes sociais que os indígenas teriam invadido outras fazendas da região, além das que já ocupavam.

As ocupações fazem parte da estratégia indígena para pressionar o governo federal a concluir o processo demarcatório das terras reivindicadas. A área em questão já possui sete espaços retomados pelos guarani-kaiowá, dentro dos limites da Terra Indígena Panambi-Lagoa Panambi.

No último sábado (3), um outro grupo de homens armados já havia atacado indígenas acampados na mesma região de Douradina, causando ferimentos em pelo menos oito pessoas. A Força Nacional de Segurança Pública informou que o ataque de sábado aconteceu durante uma patrulha em outra área da região.

A situação na região é tensa devido a recursos judiciais que impedem a conclusão do processo demarcatório e a retirada de não indígenas das terras reivindicadas. A federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul (Famasul) pede uma solução para a “insegurança jurídica no campo”, ressaltando que ambas as partes, indígenas e produtores rurais, são vítimas. A entidade destaca que as áreas destinadas aos indígenas já totalizam mais de 283 mil hectares em propriedades rurais de 30 cidades sul-mato-grossenses.

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