Além disso, os resultados da pesquisa apontam que outros instrumentos de planejamento urbano, como as leis de zoneamento, também deixam a desejar no que diz respeito à prevenção de desastres naturais. Apenas 28,2% das leis de zoneamento consideram inundações e 13,86% contemplam escorregamentos de terra. A falta de planos específicos para redução de riscos e obras de enfrentamento a essas questões também é preocupante, com apenas 13,09% das cidades possuindo planos de redução de riscos e apenas 6,12% com planos de obras para lidar com o problema.
O geógrafo Diosmar Filho, da coordenação de pesquisas da Iyaleta, alerta para as consequências de um desastre em um município sem planejamento adequado, destacando a necessidade de estrutura e preparo técnico para lidar com essas situações. A falta de ação preventiva pode resultar em decretos de calamidade que demandam recursos públicos para lidar com tragédias que poderiam ter sido evitadas.
Durante um evento sobre o financiamento da adaptação de cidades à emergência climática, realizado no Rio de Janeiro, os dados alarmantes foram apresentados, evidenciando a urgência de uma revisão nos planos diretores e demais instrumentos de planejamento urbano. A revisão do plano diretor de Porto Alegre, por exemplo, já considera a questão climática como parte central da nova legislação urbana, visando a redução de emissões de gases e a adaptação da cidade a eventos climáticos extremos.
A necessidade de priorizar o desenvolvimento sustentável e a resiliência das cidades diante dos desastres naturais se torna evidente com os recorrentes eventos climáticos extremos que têm assolado diversas regiões do país. É fundamental que os gestores públicos estejam atentos a essa realidade e implementem medidas efetivas de prevenção e preparo para lidar com essas situações. A revisão e adequação dos instrumentos de planejamento urbano se torna imprescindível para garantir a segurança e o bem-estar da população diante dos desafios climáticos que se apresentam.