Repórter São Paulo – SP – Brasil

Escola Vladimir Herzog desiste de modelo cívico-militar após pressão da sociedade e entidades de direitos humanos.

A comunidade escolar da Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog, em São Bernardo, foi surpreendida com a proposta de implementação do modelo cívico-militar na instituição. O nome da escola, que carrega a memória de um dos símbolos da resistência contra a ditadura militar, gerou uma forte reação por parte de familiares, entidades de direitos humanos e do Sindicato dos Professores.

A iniciativa da direção da escola foi recebida com repúdio e indignação, levantando um debate que extrapolou os muros da instituição. O embate sobre a presença de militares na educação e a importância da memória histórica foi intensificado, trazendo à tona discussões relevantes sobre valores democráticos e a liberdade de ensino.

Familiares de Vladimir Herzog, entidades de direitos humanos e membros da comunidade escolar se opuseram firmemente à proposta. O Instituto Vladimir Herzog classificou a iniciativa como uma afronta à memória do jornalista, brutalmente assassinado durante a ditadura militar. A militarização do ambiente escolar foi vista como um retrocesso para a educação pública, ferindo princípios fundamentais como a pluralidade e a liberdade de ensino.

Ivo Herzog, filho do jornalista, expressou sua indignação, declarando que o lugar de militar é nos quartéis, não nas escolas. A APEOESP também se posicionou contra a iniciativa, destacando o desrespeito à memória de Herzog e à luta pela democracia durante a ditadura.

Após a pressão da sociedade civil e da comunidade escolar, a Escola Estadual Jornalista Vladimir Herzog anunciou a desistência de aderir ao modelo cívico-militar. A instituição reconheceu a importância de uma educação baseada na democracia, pluralidade e inclusão social.

A decisão final sobre a adesão ao modelo cívico-militar seria tomada após audiências públicas com a comunidade escolar, segundo a Secretaria de Educação do Estado de São Paulo. No entanto, a mobilização contrária à medida parece ter sido determinante para a mudança de postura da escola.

O debate em torno do projeto de escolas cívico-militares do governo paulista destaca a contestação à constitucionalidade do programa e a incompatibilidade do modelo com os princípios da educação pública. A Advocacia-Geral da União já se manifestou sobre a inconstitucionalidade da iniciativa, enquanto o Ministério Público e a Defensoria Pública entraram com ações pedindo a suspensão do programa.

Sair da versão mobile