As palavras que me irritam: um manifesto contra os anglicismos e os modismos da língua portuguesa

Em tempos em que o bom humor é visto como ingenuidade, um amigo me alertou sobre a falta de rancor e intolerância em meus textos, tão característicos de autores como Millôr Fernandes e Mark Twain. Segundo ele, a compaixão pode ser um obstáculo para o riso. Hoje, em um dia ruim, decidi atender ao seu pedido e abraçar a ira.

É com desagrado que observo a invasão de anglicismos em nossa língua. Mesmo já tendo abordado o assunto em outras ocasiões, é como matar moscas em uma sala lotada delas. Os anglicismos não cessam de se multiplicar, como é o caso do uso equivocado de palavras como “eventualmente” e “costumava”.

No português, “eventualmente” significa “de vez em quando”, enquanto em inglês, “eventually” significa “finalmente”. A confusão é frequente, levando frases absurdas como “O cachorro tanto pulou sobre a cerca que eventualmente conseguiu fugir”. O mesmo ocorre com o termo “costumava”, que é mal traduzido, resultando em expressões como “Na infância eu costumava morar em Nova Iorque”.

Além dos anglicismos, desprezo as palavras desnecessariamente rebuscadas utilizadas pelo dialeto da esquerda identitária universitária. Termos como “atravessado”, “afetos”, “evidências” e “acurácia” invadem nosso vocabulário de forma pretensiosa e desgastada.

Neste momento de irritação, tento transformar tal sentimento em argumentos convincentes para minha “audiência”. Quem sabe, no futuro, olharemos para trás e veremos que, mesmo em meio à irritação e aos desafios, conseguimos avançar juntos, rumo a uma linguagem mais clara e autêntica.

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