USP acaba com entrevista presencial para banca de heteroidentificação de cotas raciais e adota modelo virtual para avaliação.

A Universidade de São Paulo (USP) anunciou uma mudança significativa no processo de heteroidentificação dos candidatos convocados para as vagas reservadas para pretos e pardos. A partir do próximo vestibular, em 2025, a instituição substituirá a entrevista presencial por uma entrevista virtual para todos os candidatos não aprovados após a primeira etapa de averiguação das fotografias.

A decisão foi tomada pela Pró-Reitoria de Inclusão e Pertencimento (Prip) da USP. O reitor Carlos Gilberto Carlotti Junior afirmou que a mudança visa garantir a diversidade na universidade, levando em consideração experiências de comissões de heteroidentificação de outras instituições. Ele ressaltou que o modelo de entrevista não presencial foi considerado o mais adequado para o processo.

Essa decisão representa uma mudança em relação ao que havia sido prometido anteriormente pelo reitor. Carlotti havia afirmado em entrevista à imprensa que todas as entrevistas seriam presenciais a partir de 2025, ressaltando inclusive que a USP estaria disposta a arcar com os custos de viagem dos estudantes que morassem distante da universidade.

Contudo, a proposta do reitor foi rejeitada pela Prip e uma votação no conselho da instituição definiu o novo modelo de avaliação. O debate sobre a forma de confirmação das informações sobre raça dos candidatos a cotas ocorreu após contestações na Justiça de candidatos que haviam perdido vagas devido à avaliação virtual.

A USP é uma das últimas universidades públicas do país a adotar cotas raciais, reservando 50% das vagas para alunos da rede pública, sendo 37,5% destinadas a candidatos autodeclarados pretos, pardos e indígenas. A instituição também foi uma das últimas a criar uma comissão de heteroidentificação, responsável por avaliar a autenticidade da autodeclaração racial dos alunos que ingressam por meio das cotas.

O novo modelo de avaliação adotado pela USP considera apenas aspectos fenotípicos, analisando características físicas como cor da pele, cabelo e formato do rosto. Os candidatos que se sentirem prejudicados poderão recorrer da decisão e participar de uma oitiva presencial ou virtual para esclarecer a sua autodeclaração racial.

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