Repórter São Paulo – SP – Brasil

Mulheres sofrem com pornografia deepfake em comunidades online: vítimas buscam por justiça em casos chocantes de manipulação de imagens.

De acordo com relatos de uma vítima, Ana, que trabalha como bartender em um restaurante de São Paulo, ela foi surpreendida por mensagens no Instagram informando que uma foto dela ao lado de sua mãe tinha sido manipulada para parecer que estavam nuas. A imagem foi compartilhada na internet, causando constrangimento e afetando emocionalmente Ana e sua mãe, uma senhora religiosa de 65 anos. A história de Ana se conecta com um alerta que ela havia feito em maio sobre a criação de imagens pornográficas falsas a partir de fotos de mulheres nas redes sociais.

Ana decidiu investigar por conta própria os responsáveis por essas montagens, identificando uma comunidade no Facebook que se transformou em um grupo no Telegram, com quase 2 mil membros. Nesse grupo, os participantes encomendavam deepfakes pornográficos e compartilhavam mensagens de ódio e violência contra as mulheres. Além disso, faziam comentários misóginos e degradantes, revelando padrões de conduta extremamente prejudiciais.

Apesar das denúncias das vítimas à polícia, incluindo Ana e outra vítima chamada Fernanda, que teve uma foto alterada após uma festa de Halloween, as investigações não avançaram. A polícia alegou que apenas casos de fraudes financeiras são tratados na Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos, enquanto crimes virtuais devem ser investigados pelas delegacias locais. As vítimas não receberam respostas sobre o andamento das denúncias.

A legislação brasileira ainda não contempla punições específicas para deepfakes, mas projetos de lei estão em discussão no Congresso para aumentar as penas para esse tipo de crime. Especialistas destacam a evolução acelerada das tecnologias de manipulação de imagens e alertam para a dificuldade de distinguir deepfakes da realidade. As plataformas digitais, como Meta (Facebook) e Telegram, afirmam adotar medidas para combater conteúdos prejudiciais, mas a responsabilização dos autores de deepfakes ainda é um desafio.

Diante desse cenário, Ana busca justiça e segurança, evitando exposição nas redes sociais e considerando contratar um advogado para acelerar o processo legal. Ela espera que os responsáveis pelos grupos de deepfakes sejam responsabilizados e que a sociedade esteja mais preparada para lidar com esse tipo de crime e violência online. A história de Ana e outras vítimas demonstra a urgência de ações preventivas e punitivas para combater a disseminação de conteúdos danosos e proteger a integridade das pessoas na internet.

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