Repórter São Paulo – SP – Brasil

Psicanalista que atendia presos políticos durante a ditadura militar morre aos 91 anos deixando legado de generosidade e compaixão.

Durante a ditadura militar no Brasil, o psicanalista Antonio Carlos Cesarino teve um papel crucial ao integrar um grupo de médicos do Hospital das Clínicas de São Paulo que atendia presos políticos e suas famílias, vítimas de tortura. Mesmo correndo riscos, Cesarino realizava esses atendimentos em locais públicos, como bares e restaurantes, para manter a discrição e fornecer um ambiente mais acolhedor para seus pacientes.

Um dos beneficiados por esse atendimento foi Herbert de Souza, conhecido como Betinho, que estava na clandestinidade por sua participação na luta contra o regime militar estabelecido em 1964. Cesarino se destacou por sua generosidade ao dedicar parte de seu tempo para atender aqueles que não tinham condições de pagar por tratamentos psicológicos.

Ao longo de sua carreira, Cesarino ampliou suas práticas terapêuticas, passando a atender mulheres que haviam sido torturadas durante a ditadura e ainda sofriam com os traumas desse período. Seu engajamento social e sua visão de uma sociedade mais igualitária o levaram a fundar o Psicodrama Público em São Paulo, promovendo encontros que buscavam integrar diferentes camadas da sociedade em diálogos frutíferos.

Após a redemocratização do país, Cesarino se destacou como chefe do serviço de saúde mental da Prefeitura de São Paulo e participou ativamente do Projeto Estadual na zona norte da cidade, contribuindo para a implementação de práticas mais democráticas na saúde mental. Sua dedicação e sabedoria foram reconhecidas por seus alunos, colegas e pacientes, que o descrevem como uma pessoa carinhosa e presente.

Mesmo diante da pandemia, Cesarino continuou atendendo seus pacientes de forma remota até os 90 anos, mantendo uma rotina disciplinada de exercícios físicos e estudos. Seu legado como psicanalista é marcado pelas transformações positivas que promoveu na vida de tantas pessoas, inspirando gerações e deixando um exemplo de generosidade e comprometimento com o bem-estar social. Antonio Carlos Cesarino faleceu em 21 de junho, aos 91 anos, deixando um legado de bondade, empatia e dedicação ao próximo.

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