Brasileiros evitam consumir notícias: taxa de desvio chega a 47% nos últimos dois anos, aponta relatório da Reuters

O Brasil tem enfrentado um aumento significativo no número de pessoas que evitam consumir notícias nos últimos dois anos. De acordo com o relatório Digital News Report, produzido pelo Instituto Reuters e que abrange 47 países, a taxa de brasileiros e brasileiras que não acompanham o noticiário subiu de 41% para 47%. Essa tendência não é exclusiva do Brasil, sendo um fenômeno mundial, com a média global de pessoas que evitam notícias passando de 29% para 39% entre 2017 e 2024.

Entre os motivos citados para o afastamento das notícias estão o caráter “chato”, repetitivo e negativo das informações veiculadas, o que pode gerar sensações de impotência e ansiedade na audiência. Estudiosos, como o professor Benjamin Toff, da Universidade de Minnesota, reconhecem essa tendência e alertam para a importância de reverter esse cenário.

Toff coescreveu o livro “Evitando as Notícias” junto com Ruth Palmer e Rasmus Kleis Nielsen, baseando-se em dados e entrevistas realizadas com residentes dos Estados Unidos, Reino Unido e Espanha que também evitam consumir conteúdo jornalístico. Segundo os autores, os grupos mais propensos a ignorar notícias são os mais jovens, as mulheres e as classes mais vulneráveis.

Para reverter essa tendência, eles propõem ideias como tornar as informações mais acessíveis e inteligíveis, considerar a diversidade de identidades, criar novas formas de divulgação de conteúdo, investir em literacia midiática e formar coalizões entre os veículos de imprensa. Além disso, é fundamental o envolvimento do poder público e dos sistemas de ensino na promoção de habilidades midiáticas e informacionais desde a infância, preparando as novas gerações para entender a importância do jornalismo na democracia.

Portanto, educar para o consumo consciente de notícias desde cedo é essencial para formar cidadãos críticos e informados, capazes de discernir entre informações confiáveis e conteúdos sensacionalistas. A valorização do jornalismo nas escolas é uma peça-chave para garantir uma sociedade bem informada e ativa na construção de uma democracia saudável.

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