Os corpos eram depositados no cemitério de forma desumana, em um terreno pequeno e cortados para que coubessem no espaço. Apesar disso, esse é considerado o maior cemitério de escravos desse tipo nas Américas. Os “pretos novos” eram os cativos africanos recém-chegados que já chegavam mortos ou morriam pouco tempo após o desembarque.
Após a descoberta, a família Guimarães dos Anjos decidiu transformar o local em um espaço de visitação pública e fundou o Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos em 2005. Com o passar dos anos, o instituto realizou oficinas, palestras e exposições itinerantes sem nenhum apoio financeiro, visando preservar a memória desses africanos escravizados que foram enterrados ali.
Atualmente, o terreno onde funcionava o cemitério abriga uma biblioteca, um memorial com fragmentos arqueológicos, uma galeria de arte contemporânea e uma exposição de artefatos domésticos. Em 2017, foram iniciadas novas investigações arqueológicas no local, levando à descoberta do primeiro esqueleto completo e articulado, nomeado como Bakhita em homenagem à padroeira dos sequestrados e escravizados.
Merced Guimarães dos Anjos, atual presidente do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos, ressalta a importância de manter viva a memória desses africanos sequestrados. O instituto planeja lançar dois livros de óbitos este ano, trazendo dados dos escravizados sepultados no cemitério, possibilitando a realização de pesquisas e revelando histórias importantes sobre esse trágico período da história brasileira.