O relatório da investigação apurou a existência de uma associação criminosa com o objetivo de desviar e vender objetos de valor recebidos por Bolsonaro como presente oficial. Esses valores obtidos das vendas eram convertidos em dinheiro em espécie e inseridos no patrimônio pessoal do ex-presidente, utilizando pessoas interpostas e sem utilizar o sistema bancário formal para ocultar a origem, localização e propriedade dos valores.
Bolsonaro e mais 11 pessoas foram indiciadas pelos crimes de peculato, associação criminosa e lavagem de dinheiro. O relatório da PF, com 476 páginas, foi entregue impresso no Supremo Tribunal Federal (STF) e, após o sigilo ter sido levantado pelo ministro Alexandre de Moraes, o processo foi encaminhado para análise da Procuradoria-Geral da República.
O delegado responsável, Fábio Shor, concluiu que havia atuação de uma associação criminosa para desviar presentes de alto valor recebidos por Bolsonaro e/ou comitivas do governo brasileiro. Segundo o relatório, o valor dos bens desviados chega a US$ 4.550.015,06 ou R$ 25.298.083,73, parte do qual pode ter sido utilizado para custear a estadia de Bolsonaro nos Estados Unidos.
As investigações contaram com a colaboração do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, que fez um acordo de colaboração premiada. O general Mauro Lorena Cid, pai de Mauro Cid, também estaria envolvido no repasse de dinheiro ao ex-presidente.
Outras provas, como comprovantes de saques bancários e planilhas de contabilidade pessoal, foram anexadas aos autos. A defesa dos citados ainda não se manifestou sobre o assunto.
A situação levanta questões sobre a conduta ética e legal do ex-presidente Bolsonaro durante seu mandato e expõe um possível esquema de desvio de valores que envolvem não apenas o ex-presidente, mas também outras pessoas ligadas a ele. O desenrolar desse caso será fundamental para a credibilidade das instituições brasileiras e para o combate à corrupção no país.