Durante uma entrevista à Rádio Sociedade, em Salvador (BA), Lula afirmou: “Temos que tomar alguma medida. Não posso dizer aqui o que é possível fazer, porque estaria alertando meus adversários”. Ele também expressou preocupação com a valorização do dólar, classificando-a como especulativa e resultante de interesses especulativos contra o real no país.
Nos últimos dias, Lula tem concedido entrevistas quase diariamente criticando a política monetária atual e atacando o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, a quem acusa de ter um “viés político” e de não contribuir para o desenvolvimento do país. Esses ataques têm incomodado os investidores, que já estavam cautelosos em relação às promessas do governo de controlar o déficit público, resultando assim no aumento das cotações do dólar.
As declarações de Lula nessa terça-feira (2/7) levantaram especulações sobre possíveis medidas do governo para conter a desvalorização do real. O economista Luiz Gonzaga Belluzzo, interlocutor de Lula, defendeu o controle de capitais e criticou a atribuição da queda do real à piora fiscal.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o governo não planeja tomar nenhuma medida específica para conter a alta do dólar, além de ajustar a comunicação sobre a autonomia do Banco Central e a solidez fiscal. Haddad enfatizou a importância da comunicação do governo com o mercado. A última intervenção do Banco Central no mercado foi em 2 de abril, quando vendeu US$ 1 bilhão em “swaps” cambiais para mitigar o impacto do vencimento de NTN-As (títulos indexados à taxa de câmbio).
O diretor de câmbio da corretora Ourominas, Elson Gusmão, destacou que a tensão atual no mercado cambial se deve a questões políticas, especialmente ao embate entre Lula e Campos Neto. Esse conflito aumentou o estresse em um momento de incerteza em relação à situação fiscal do país. A reunião de Lula nesta quarta-feira será crucial para definir quais medidas serão adotadas para conter a especulação no mercado de câmbio.