De acordo com os dados obtidos através do satélite Planet, a área coberta por água no Pantanal nos primeiros quatro meses de 2024 foi menor do que no período de seca do ano anterior. Normalmente, nesse período deveria ocorrer o ápice das inundações, o que é essencial para a manutenção do sistema pantaneiro. Entretanto, o pulso de cheias não aconteceu em 2024, tornando a situação ainda mais preocupante.
Segundo a especialista em conservação do WWF-Brasil e uma das autoras do estudo, Helga Correa, o nível do Rio Paraguai, que é um indicador importante da situação hídrica do Pantanal, está muito abaixo do esperado. Em média, o nível do rio nos primeiros meses do ano foi 68% inferior ao registrado em anos anteriores, o que demonstra a gravidade da crise.
O estudo aponta que, se a situação atual persistir, o Pantanal tende a secar ainda mais até outubro, tornando-o mais vulnerável a grandes incêndios e ameaçando a biodiversidade, os recursos naturais e o modo de vida da população pantaneira. A redução da disponibilidade de água no bioma também está relacionada a ações humanas, como a construção de barragens, desmatamento e queimadas, que contribuem para a degradação do ecossistema.
Diante desse cenário preocupante, são necessárias medidas urgentes de prevenção e adaptação à seca, assim como a valorização de comunidades locais que desenvolvem práticas sustentáveis. O estudo aponta recomendações, como mapear as ameaças aos corpos hídricos do Pantanal, fortalecer políticas para frear o desmatamento e restaurar áreas de proteção, visando melhorar a qualidade e quantidade de água no bioma.
A preservação do Pantanal é essencial não apenas pela sua importância para a biodiversidade, mas também pelo impacto na economia local, que depende da navegabilidade dos rios e da diversidade de fauna. A continuidade das secas extremas e das queimadas pode levar o bioma a um ponto de não retorno, com consequências drásticas para o ecossistema e para as comunidades que dependem dele. É urgente agir para evitar danos irreversíveis ao Pantanal e garantir sua conservação para as futuras gerações.