Agência de notícias argentina Télam é transformada em agência de publicidade estatal em meio a críticas e protestos

A Agência de Notícias Télam, criada em 1945 na Argentina com o objetivo de quebrar a hegemonia das agências internacionais de notícias como a United Press (UPI) e a Associated Press (AP), teve sua transformação em uma agência de publicidade estatal oficializada nesta segunda-feira (1). A coincidência da data com os 50 anos da morte do ex-presidente Juan Domingo Perón não passou desapercebida tanto pela imprensa argentina quanto por críticos da medida.

Críticos no Brasil, como a presidenta da Fenaj, Samira de Castro, expressaram descontentamento com o decreto governamental que resultou na transformação da Télam em Agência de Publicidade do Estado (APE), considerando-o mais um ataque à comunicação pública no país vizinho. A presidente da Fenaj ressaltou a importância dos instrumentos de comunicação pública para a participação política dos cidadãos, oferecendo acesso a informações de interesse público além da cobertura da mídia privada.

A transformação da Télam em uma agência de publicidade estatal foi justificada pelo governo argentino como parte de uma profunda reorganização das empresas públicas para obter maior eficiência no setor público. No entanto, críticos argumentam que a mudança desvirtua a finalidade original da agência e a priva de seu papel na produção de jornalismo de qualidade.

O professor de Jornalismo da Universidade Federal Fluminense, Pedro Aguiar, destacou a importância da Télam na produção de material jornalístico de qualidade e expressou preocupação com a dependência cada vez maior da imprensa regional em relação às agências estrangeiras, devido ao fechamento da agência mexicana Notimex em 2023 e à mudança de propósito da Télam.

Com mais de 700 funcionários e correspondentes em todas as províncias argentinas, a Télam era uma agência consolidada e respeitada na América Latina, fornecendo informações essenciais para a população. A transformação da agência em uma agência de publicidade estatal levanta questionamentos sobre o futuro do jornalismo na região e a liberdade de imprensa.

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