Os dados coletados revelam que quase metade das famílias que ganham até dois salários mínimos tiveram perdas significativas em suas residências e sustento, enquanto entre aquelas com renda mais alta essa proporção é significativamente menor. Além disso, mais da metade dos pretos e pardos entrevistados relataram algum tipo de prejuízo, em contraste com a população branca.
A pesquisa também apontou que os pretos foram o grupo mais afetado em termos de terem sido obrigados a deixar suas casas durante as enchentes. Da mesma forma, indivíduos com menor nível de escolaridade foram mais impactados, com 46% dos que estudaram até o ensino fundamental relatando prejuízos.
O arquiteto William Mog ressaltou que a dificuldade de acesso à moradia formal por parte das populações mais vulneráveis contribui para a concentração dos impactos negativos das enchentes nessas comunidades. Ele destacou a importância de direcionar esforços para garantir que essas pessoas tenham acesso a locais seguros e estrutura adequada.
Os relatos de moradores afetados pelas enchentes, como o de Juarez Gonçalves da Silva e Elisandra Machado Silva, evidenciam as consequências devastadoras para aqueles que perderam não apenas bens materiais, mas também suas fontes de sustento. A desigualdade na distribuição dos prejuízos fica ainda mais evidente quando se observa a diferença entre géneros, com as mulheres sendo mais afetadas em relação à perda de emprego ou empresa.
Diante dessa realidade, é crucial que ações efetivas sejam tomadas para mitigar os impactos das mudanças climáticas nas populações mais vulneráveis, garantindo que todos tenham acesso a condições dignas de moradia e sustento. A pesquisa do Datafolha não apenas confirma a desigualdade existente, mas também destaca a urgência de políticas públicas que abordem as disparidades sociais e econômicas que perpetuam essas injustiças.