Obra de contenção no morro Dois Irmãos gera polêmica ao criar “asas” no maciço tombado pelo Iphan no Rio de Janeiro

Uma obra de contenção na encosta do morro Dois Irmãos, um dos ícones da paisagem da zona sul do Rio de Janeiro, gerou polêmica e levantou questionamentos sobre sua necessidade e impacto visual. Realizada pela gestão de Cláudio Castro, a intervenção teve um custo de R$130 milhões e foi feita com dispensa de licenciamento ambiental, sem comunicação formal ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Além disso, a obra foi executada por um órgão que não costuma atuar nesse tipo de serviço.

A Geo-Rio, fundação municipal especializada em serviços desse tipo, afirmou que já havia realizado investimentos menores na região e considerava que os riscos de deslizamento de rochas estavam mitigados, tornando a intervenção questionável.

A obra consistiu na instalação de 29 barreiras dinâmicas ao longo da encosta, compostas por uma tela metálica sustentada por hastes presas na rocha. Essas estruturas, que somam 2,3 km de extensão e têm de 4 a 8 metros de altura, criaram um efeito visual que lembra “asas” no morro, dependendo do ponto de vista.

O morro Dois Irmãos é tombado como uma floresta de proteção pelo Iphan desde 1973, o que gerou preocupações sobre o impacto visual causado pela intervenção. Em nota, o Iphan afirmou que não foi consultado formalmente sobre a obra, mas está analisando o caso. A Cehab, responsável pela intervenção, afirmou ter comunicado o órgão federal.

Para minimizar o impacto visual das estruturas, o Iphan sugeriu a inclusão de vegetação nas barreiras, criando um “tapete vegetal” que tornaria os elementos imperceptíveis. Apesar da controvérsia, a obra continua em andamento e tem previsão de conclusão para setembro deste ano.

A realização da obra sem licenciamento ambiental gerou questionamentos das autoridades competentes, porém a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico justificou que a área não estava inserida em uma unidade de conservação e não possuía cobertura vegetal, o que dispensou a necessidade do licenciamento.

O embate entre a necessidade de segurança das comunidades locais e a preservação do patrimônio ambiental continua gerando debates e incertezas quanto ao futuro do morro Dois Irmãos e de sua icônica paisagem carioca.

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