Lei sancionada por Lula facilita “privatização da água” em áreas de silvicultura em Minas Gerais, apontam pesquisadores

Recentemente, enquanto a atenção dos internautas estava voltada para as discussões entre Luana Piovani e Neymar sobre a PEC das praias e a privatização de áreas no litoral brasileiro, o presidente Lula sancionou uma polêmica lei que facilita a “privatização da água” de rios e lençóis freáticos em áreas destinadas à silvicultura, como o cultivo de árvores para extração. Essa lei, de autoria do senador Álvaro Dias, altera a Política Nacional do Meio Ambiente e exclui a monocultura de eucalipto do rol de atividades potencialmente poluidoras, simplificando o processo de licenciamento ambiental.

Especialistas apontam que essa mudança na legislação pode agravar a escassez de água em regiões como o Alto Jequitinhonha, em Minas Gerais, onde pequenos agricultores já sofrem com a falta de recursos hídricos. Estudos realizados por instituições como IFNMG e UFMG relacionam a escassez de água à substituição da vegetação nativa do cerrado pela monocultura de eucalipto, o que tem impactado diretamente a disponibilidade de água nessas áreas.

Segundo Flávia Maria Galizoni, cientista social da UFMG, a privatização desses recursos naturais tem impactado diretamente nas comunidades locais, que antes compartilhavam essas fontes. Por outro lado, a Associação Mineira da Indústria Florestal defende que o setor contribui para a conservação de parte da vegetação nativa em Minas Gerais, apesar das críticas.

Além disso, especialistas alertam que a monocultura de eucalipto exige um grande consumo de água, o que pode agravar ainda mais a escassez hídrica em áreas já impactadas. Estudos mostram que a presença do eucalipto tem reduzido a vazão de rios e a altura do lençol freático em regiões como o Alto Jequitinhonha, gerando preocupações quanto à disponibilidade de água para as comunidades locais.

Diante desse cenário, a mudança na legislação e a expansão da monocultura de eucalipto levantam questionamentos sobre a gestão sustentável dos recursos hídricos e a preservação do meio ambiente. As consequências dessas ações podem impactar não apenas o ecossistema local, mas também a qualidade de vida das pessoas que dependem desses recursos para sobreviver. A sociedade civil e as autoridades ambientais precisam estar atentas e buscar soluções que garantam a sustentabilidade e preservação desses importantes recursos naturais.

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