Lula defende uso de maconha com base na ciência e critica decisão do STF: “Não é uma questão de política”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez declarações contundentes nesta quarta-feira (26) em relação ao uso de maconha no Brasil. Em uma entrevista ao Portal Uol, Lula defendeu que a questão do uso da maconha no país deve ser decidida com base na ciência e não na política. O ex-presidente criticou a pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a descriminalização da maconha para uso pessoal, ressaltando que desde 2006 existe uma lei que impede a prisão de usuários.

Para Lula, a comunidade psiquiátrica e a ciência deveriam ter um papel fundamental nesse debate, uma vez que o uso da maconha tem sido associado a tratamentos médicos em diversos países. Ele questionou por que a discussão se mantém polarizada entre a favor e contra, quando a ciência já comprova os benefícios do uso da maconha em algumas situações de saúde.

No entanto, o STF decidiu pela descriminalização do porte de maconha para uso pessoal após nove anos de julgamento. A decisão estabelece que o porte de maconha continua sendo considerado ilícito, mas as punições contra os usuários passam a ter natureza administrativa, e não criminal. Ainda há uma discussão sobre a quantidade de maconha que caracteriza o uso pessoal e a diferenciação entre usuários e traficantes.

Lula destacou a importância de se diferenciar consumidores de traficantes e sugeriu que essa definição seja estabelecida pelo Congresso Nacional. O ex-presidente também criticou a atuação do STF nesse tema, afirmando que a Suprema Corte não deve se envolver em assuntos que fogem de sua competência constitucional.

Após a decisão do STF, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, manifestou sua preocupação com a invasão de competências técnicas da Anvisa e legislativas do Congresso Nacional. Ele é autor de uma PEC que torna crime a posse e o porte de qualquer quantidade de droga ilícita. Enquanto isso, a Câmara dos Deputados criou uma comissão especial para analisar essa proposta.

Diante desse cenário, a discussão em torno do uso da maconha no Brasil parece estar longe de um consenso, com diferentes posicionamentos tanto no âmbito político quanto jurídico. O debate deve se estender nos próximos meses, envolvendo diferentes atores e instituições.

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