Desembargador é investigado por negociar propina de R$ 1 milhão para beneficiar narcotraficante ligado a Fernandinho Beira-Mar

O Tribunal de Justiça de São Paulo está envolvido em mais um escândalo de corrupção, conforme apontam investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. O desembargador Ivo de Almeida, da 1ª Câmara Criminal, é acusado de negociar propina de R$ 1 milhão para favorecer Romilton Queiroz Hosi, um narcotraficante ligado a Fernandinho Beira-Mar, um dos líderes do Comando Vermelho.

A operação Churrascada da PF foi responsável por desencadear as investigações que resultaram no afastamento de Almeida do cargo por um ano, determinado pelo Superior Tribunal de Justiça. Apesar das acusações, a defesa do desembargador não se pronunciou até o momento.

Hosi, conhecido por ser o proprietário de uma carga de 450 kg de cocaína e de ter fugido de uma audiência em 2002, foi preso novamente em 2019. As condenações por diversos crimes o levaram a uma sentença de 39 anos e quatro meses de prisão.

Segundo a Procuradoria, foram identificados conluios fraudulentos entre advogados para direcionar processos de interesse de Hosi para a 1ª Câmara Criminal onde Almeida atua. Em 2021, durante uma estadia em um presídio em Avaré (SP), Hosi e seus representantes teriam iniciado negociações com intermediários do desembargador para facilitar sua transferência e uma possível fuga, conforme apontam as investigações.

A Procuradoria-Geral da República afirmou que o desembargador teria tentado influenciar outro julgador em um pedido de habeas corpus relacionado a Hosi. A PGR relata que Almeida teria aceitado uma proposta de “venda de decisão judicial”, mas enfrentou dificuldades para convencer os demais membros da Câmara a participar do esquema de corrupção.

Além do afastamento do cargo, a Corregedoria Nacional de Justiça instaurou uma reclamação disciplinar contra o desembargador, destacando a importância da apuração dos fatos. Resta agora aguardar os desdobramentos desse escândalo que abala a credibilidade do Judiciário paulista.

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