Ciência e política precisam se unir para enfrentar a crise climática, alerta filósofo de Harvard.

A importância da integração entre ciência e política para enfrentar a crise climática foi destacada pelo renomado filósofo político, Michael Sandel, da Universidade Harvard. Em seu último livro, intitulado “O Descontentamento da Democracia”, Sandel ressalta que a dominação do discurso tecnocrático na política tem alienado os cidadãos e minado a participação democrática nas decisões que afetam suas vidas.

Segundo Sandel, as políticas neoliberais, que promoveram o fortalecimento do setor financeiro e a desregulação dos mercados, foram impulsos para a ascensão do autoritarismo no mundo. Tecnocratas de direita e esquerda, seguindo um discurso de meritocracia, afastaram os cidadãos das decisões econômicas, gerando ressentimento e desconfiança na democracia.

Para enfrentar a crise climática, Sandel enfatiza a importância da participação democrática na formulação de políticas. A ciência é essencial para embasar as decisões, mas não pode ser usada como uma desculpa para evitar responsabilidades. A participação ativa dos cidadãos é fundamental para garantir uma transição justa para uma economia verde.

Em um ciclo de palestras online promovido pela Universidade Federal de Santa Maria, Sandel discutiu com líderes comunitários sobre os desafios enfrentados em relação às enchentes no Rio Grande do Sul. Ele destacou a necessidade de evitar o discurso apocalíptico e buscar soluções que promovam a solidariedade e a participação democrática.

Sandel também ressalta a importância de integrar análises econômicas e culturais para compreender por que tantos cidadãos têm apoiado líderes autoritários. A desigualdade econômica e a falta de voz na democracia são fatores que alimentam o ressentimento e a raiva nas sociedades contemporâneas.

Ao discutir o papel das instituições multilaterais no combate à mudança climática, Sandel destaca a necessidade de uma maior participação democrática. Enquanto a cooperação global é essencial, as instituições tecnocráticas carecem de legitimidade e devem envolver os cidadãos comuns na formulação de políticas.

Em suma, segundo Sandel, a integração entre ciência, política e participação democrática é fundamental para enfrentar os desafios da crise climática e restaurar a confiança nas instituições democráticas. A responsabilidade e a voz dos cidadãos são elementos essenciais para construir um futuro sustentável e justo.

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