Angra 1 aguarda renovação de licença para continuar operando após quase quatro décadas de atividade nuclear no Brasil

Angra 1, a primeira usina nuclear do Brasil, está prestes a completar quatro décadas de operação e, juntamente com esse marco, chega ao fim a licença de 40 anos para atividade de geração de energia. A autorização expira em 23 de dezembro de 2024, e a usina precisa obter uma renovação para continuar operando em 2025.

Em 2019, a Eletronuclear, empresa estatal responsável pela usina, solicitou a renovação da licença de operação (LO) por mais 20 anos à Comissão de Energia Nuclear (Cnen), órgão federal que regula a atividade nuclear no país.

O processo de renovação está em andamento e, em 2023, a Eletronuclear enviou à Cnen 16 relatórios contendo avaliações dos fatores de segurança definidos pela Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea). Em resposta, a Cnen apresentou 166 exigências, que foram analisadas e devolvidas pela Eletronuclear em abril de 2024.

Além disso, em dezembro de 2023, foi enviado à Cnen a Reavaliação Periódica de Segurança (RPS), que tem foco no processo conhecido como Long Term Operation (LTO) – Operação de Longo Prazo. O documento analisa diversos aspectos, como desempenho de segurança, planejamento de emergência, impacto radiológico no meio ambiente, entre outros.

Para garantir a renovação da licença, a Eletronuclear buscou certificação internacional por meio de um processo nos Estados Unidos chamado License Renewal Application. Essa autorização do órgão regulador americano, Nuclear Regulatory Commission (NRC), é essencial para validar a operação de Angra 1 no Brasil, uma vez que a usina foi adquirida da empresa americana Westinghouse.

Segundo Abelardo Vieira, superintendente de Operações de Angra 1, a renovação de licenças para atividades de geração de energia nuclear é um procedimento comum no exterior, citando o exemplo dos Estados Unidos, onde cerca de 98 usinas obtiveram extensão de vida de 40 para 60 anos, sendo a maioria da Westinghouse.

Para garantir a longevidade de Angra 1, a Eletronuclear tem investido em melhorias nos últimos anos, como substituição de equipamentos, implementação de programas de gerenciamento e manutenção de estruturas. Com a renovação da licença, a empresa se compromete a realizar investimentos de cerca de R$ 3 bilhões até 2028, visando modernizar ainda mais a usina e aumentar sua eficiência na geração de energia.

Além disso, a Eletronuclear firmou contratos de R$ 600 milhões com fornecedores para realização de melhorias e obteve um empréstimo ponte de R$ 800 milhões para financiar os investimentos. Um novo empréstimo de R$ 3 bilhões está em negociação com o banco americano Eximbank para garantir a modernização de Angra 1 nos próximos anos.

Angra 1, com 640 megawatts (MW) de potência, tem capacidade para abastecer cerca de 2 milhões de habitantes, enquanto sua vizinha Angra 2, com 1.350 MW, é capaz de suprir energia para aproximadamente 4 milhões de pessoas. Juntas, Angra 1, Angra 2 e a futura Angra 3, formam a Central Nuclear Almirante Álvaro Alberto, que é um importante marco na produção de energia nuclear no Brasil.

A Eletronuclear segue em negociação com órgãos reguladores e fornecedores, visando garantir a continuidade das operações de Angra 1 e a modernização da usina para os próximos anos. A renovação da licença é aguardada para os próximos meses, com a expectativa de que Angra 1 continue contribuindo com a geração de energia para o país.

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