Livro em Branco de Socorro Trindad na Cena Cultural Carioca: “Eu Não Tenho Palavras” – Protesto, Silêncio e Esperança

Em 1985, durante o período de redemocratização do Brasil após a ditadura militar, um livro causou burburinho na cena cultural carioca. Intitulado “Eu Não Tenho Palavras” e escrito por Socorro Trindad, a obra trazia páginas em branco, deixando espaço para que o leitor registrasse um diário de suas experiências pessoais naquela época. O livro representava um ato de protesto, silêncio e esperança em meio às transformações políticas e sociais que o país vivenciava.

Socorro Trindad, nascida em 1950 em Nísia Floresta (RN), teve uma trajetória marcada pela literatura e pelo ativismo social. Desde obras que abordavam as injustiças sociais, como “Cada Cabeça uma Sentença” e “Uma Arma para Maria”, até o seu envolvimento com a cena cultural do Rio de Janeiro, Socorro deixou um legado importante no cenário literário brasileiro.

Com uma paixão precoce pela literatura, Socorro começou a se destacar ainda na adolescência, quando estudava em Natal. Seu interesse pela escrita a levou a cursar jornalismo em Fortaleza e, aos 22 anos, publicou seu primeiro livro, com direito a um prólogo assinado por Câmara Cascudo, renomado professor.

Ao longo de sua carreira, Socorro Trindad atuou em veículos de imprensa importantes, como Tribuna da Imprensa e O Pasquim, e também contribuiu para o incentivo de novos autores em laboratórios criativos no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e na Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Sua determinação e comprometimento com a literatura eram admiráveis, segundo relatos de familiares e amigos.

No entanto, com o passar dos anos, Socorro foi afetada por problemas de saúde que a afastaram do mundo literário. Seu falecimento em maio de 2024, aos 73 anos, deixou uma lacuna no cenário cultural brasileiro. Seu legado como escritora e defensora dos direitos sociais continuará vivo na memória daqueles que apreciaram e se inspiraram em sua obra.

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