O levantamento foi realizado pela Federação Agrícola e de Meliponicultura do Rio Grande do Sul, juntamente com o Observatório das Abelhas, Embrapa e o Ministério da Agricultura e Pecuária. A bióloga Betina Blochtein, coordenadora executiva do Programa Observatório de Abelhas do Brasil, destacou em entrevista que muitas áreas foram inundadas, deixando as colmeias submersas e as abelhas sem chances de sobrevivência. A Associação Brasileira de Estudo das Abelhas informou que o estado possui 486 mil colmeias, mas muitas delas estão em risco devido à falta de alimentos para as abelhas.
O impacto dessas perdas vai além da morte das abelhas. A polinização feita por esses insetos é essencial para a produção de alimentos, com 76% das plantas para consumo humano no Brasil dependendo desse processo. Culturas como a maçã, que tem mais de 90% de dependência da presença de abelhas, podem ser severamente afetadas pela escassez desses polinizadores. O estado gaúcho, que é responsável por 45% da produção de maçãs no Brasil, poderá enfrentar consequências econômicas significativas devido à redução na produção.
Segundo a bióloga Vera Lucia Imperatriz Fonseca, especialista em abelhas nativas, as mudanças climáticas estão se intensificando e é necessário que o país se prepare para lidar com essa realidade. Ela ressalta a importância de uma política de restauração e de conscientização por parte da agricultura e do mercado para enfrentar os impactos das mudanças climáticas e garantir a continuidade da produção de alimentos no Brasil. A tragédia vivenciada no Rio Grande do Sul serve como um alerta para a importância da proteção das abelhas e da preservação dos ecossistemas que dependem delas.