Repórter São Paulo – SP – Brasil

Operação Greenwashing: esquema milionário de créditos de carbono em terras griladas na Amazônia e corrupção no governo do Amazonas

A Polícia Federal está investigando um esquema de créditos de carbono gerados em terras griladas da União que envolve pagamento de propina a servidores de órgãos do governo do Amazonas, repasses a policiais militares de alta patente, influência na Polícia Militar de Rondônia e corrupção de servidor do Incra. A operação Greenwashing resultou na prisão de três empresários – Ricardo Stoppe Júnior, Elcio Aparecido Moço e José Luiz Capelasso – e de outras duas pessoas – Ricardo Villares Stoppe e Poliana Capelasso. O grupo Ituxi, com atuação em Lábrea, sul do Amazonas, é o principal investigado no inquérito da PF em Rondônia, sendo Stoppe Júnior apontado como a principal liderança da organização criminosa.

A investigação aponta que os suspeitos grilaram terras públicas, “esquentaram” madeira ilegal e geraram créditos de carbono vendidos a grandes empresas, lucrando R$ 180 milhões. O montante envolvido no esquema chega a R$ 1,6 bilhão, segundo a PF. Empresas como Boeing, Gol, iFood, Toshiba, Itaú, Nestlé, entre outras, compraram créditos do grupo Ituxi, sendo tratadas como vítimas pela polícia. A Justiça Federal detalhou o esquema montado pelos empresários, envolvendo pagamentos de propina, suborno de funcionários públicos e corrupção para viabilizar a grilagem de terras públicas.

A investigação também apontou suspeitas de corrupção em cartório em Apuí, com a finalidade de grilagem de áreas de seringal. A PF confirmou que as áreas griladas são terras públicas avaliadas em R$ 800 milhões. O esquema fraudulento se estendeu por mais de dez anos, envolvendo duplicação e falsificação de títulos de propriedade, inserção de dados falsos em sistemas públicos e uso de planos de manejo para esquentar madeira extraída de territórios preservados.

O governo do Amazonas e o Incra afirmaram que colaborarão com as investigações e tomarão medidas administrativas cabíveis. A investigação revelou também a influência do empresário Ricardo Stoppe Júnior sobre as forças policiais, com acordos e pagamentos a policiais militares de alta patente para favorecer seus interesses. A polícia continua a apurar o envolvimento de diversas instituições e pessoas no esquema criminoso de grilagem e fraudes envolvendo créditos de carbono na região amazônica.

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