Repórter São Paulo – SP – Brasil

Desembargador investigado por venda de decisões judiciais era corregedor prisional durante massacre do Carandiru, revela operação da Polícia Federal.

O desembargador Ivo de Almeida, da 1ª Câmara Criminal do TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo), está sendo alvo de uma operação da Polícia Federal por suspeita de venda de sentenças. A ação envolve mais de 80 policiais federais e cumpriu 17 mandados de busca e apreensão em endereços ligados ao desembargador, tanto na capital quanto no interior paulista, por determinação do STJ (Superior Tribunal de Justiça).

Batizada de Operação Churrascada, a investigação revelou que o termo “churrasco” era utilizado pelos investigados para indicar o dia do plantão judiciário do magistrado, segundo a PF. Até o momento, o desembargador não se pronunciou sobre o caso.

Ivo de Almeida já havia estado envolvido em um momento conturbado da história, sendo corregedor prisional durante o massacre do Carandiru, em 1992. Em depoimento sobre o caso, o desembargador afirmou que “se houve excesso, não posso afirmar”. Sua avaliação durante a rebelião foi levada em conta na decisão do governador da época e do secretário de Segurança, resultando na invasão que resultou na morte de 111 presos.

Outro episódio que chamou atenção para Almeida foi a decisão de liberar da prisão quatro pessoas condenadas por fraudes no IPTU em Limeira, decisão que gerou polêmica na região. A Operação Churrascada é decorrente da Operação Contágio, de 2021, que investigou desvios de verbas públicas na área de saúde e revelou que a organização social AMG estava envolvida no esquema.

Documentos da Controladoria-Geral da União utilizados pela Polícia Federal na Operação Contágio mostraram que a AMG recebia grandes quantias de dinheiro público para prestar serviços de saúde, mas na verdade era uma fachada para desviar verbas para um grupo criminoso. A investigação segue em andamento no STJ e revela um cenário de corrupção e venda de decisões judiciais no meio jurídico.

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