De acordo com as informações contidas no relatório, é preocupante o fato de que 80% dos casos de estupro envolvem crianças do sexo feminino, com idades entre 0 e 14 anos. Essa triste realidade corrobora com a triste estatística de que muitas dessas vítimas acabam recorrendo ao aborto, mesmo após o prazo recomendado de 22 semanas de gestação.
É importante destacar que, dentro do cenário dos debates sobre a violência sexual infantil, há uma tendência de culpabilização das vítimas, especialmente das mulheres adultas. Muitas vezes, a sociedade busca justificar o estupro com base em fatores como a vestimenta da vítima, o local onde estava, o consumo de álcool, entre outros, perpetuando assim um ciclo de culpabilização e negação de direitos.
Um dado alarmante apresentado pelo Ipea revela que cerca de 60% dos entrevistados concordavam com a ideia de que “se uma mulher soubesse se comportar, haveria menos estupros”. Essa visão retrógrada e machista contribui para a invisibilização do problema e para a perpetuação da cultura do estupro.
A recente atuação da chamada Bancada do Estupro, grupo de parlamentares que propõe equiparar o aborto a homicídio, tem gerado polêmica e reações contrárias. Ao tentar criminalizar ainda mais as mulheres, esses políticos acabaram chamando a atenção para a urgente necessidade de se debater de forma mais ampla e empática a questão do aborto no país.
Diante desse contexto, é fundamental que a sociedade e as autoridades se mobilizem para combater a violência sexual em todas as suas formas, garantindo o respeito aos direitos das vítimas e promovendo políticas públicas eficazes de prevenção e assistência. A reflexão sobre essas questões é essencial para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária para todos.