Violência sexual infantil no Brasil: Atlas da Violência 2024 desmente mito da “mulher fácil” em casos de estupro e aborto.

O recente lançamento do Atlas da Violência 2024, elaborado pelo renomado Instituto de Pesquisa em Economia Aplicada (Ipea) em parceria com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, trouxe à tona dados alarmantes sobre a realidade do estupro no Brasil. Mais uma vez, foi evidenciado que o mito da “mulher fácil” em casos de estupro não se sustenta diante dos números apresentados.

De acordo com as informações contidas no relatório, é preocupante o fato de que 80% dos casos de estupro envolvem crianças do sexo feminino, com idades entre 0 e 14 anos. Essa triste realidade corrobora com a triste estatística de que muitas dessas vítimas acabam recorrendo ao aborto, mesmo após o prazo recomendado de 22 semanas de gestação.

É importante destacar que, dentro do cenário dos debates sobre a violência sexual infantil, há uma tendência de culpabilização das vítimas, especialmente das mulheres adultas. Muitas vezes, a sociedade busca justificar o estupro com base em fatores como a vestimenta da vítima, o local onde estava, o consumo de álcool, entre outros, perpetuando assim um ciclo de culpabilização e negação de direitos.

Um dado alarmante apresentado pelo Ipea revela que cerca de 60% dos entrevistados concordavam com a ideia de que “se uma mulher soubesse se comportar, haveria menos estupros”. Essa visão retrógrada e machista contribui para a invisibilização do problema e para a perpetuação da cultura do estupro.

A recente atuação da chamada Bancada do Estupro, grupo de parlamentares que propõe equiparar o aborto a homicídio, tem gerado polêmica e reações contrárias. Ao tentar criminalizar ainda mais as mulheres, esses políticos acabaram chamando a atenção para a urgente necessidade de se debater de forma mais ampla e empática a questão do aborto no país.

Diante desse contexto, é fundamental que a sociedade e as autoridades se mobilizem para combater a violência sexual em todas as suas formas, garantindo o respeito aos direitos das vítimas e promovendo políticas públicas eficazes de prevenção e assistência. A reflexão sobre essas questões é essencial para construirmos uma sociedade mais justa e igualitária para todos.

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