Entre 2012 e 2022, houve uma redução de 25% na taxa de homicídios no país. No entanto, o estudo aponta que, em 2022, a taxa permaneceu a mesma em comparação com 2019, após uma queda expressiva no primeiro ano do governo Bolsonaro. Desde então, as variações foram mínimas e não contribuíram para uma redução significativa da violência.
O Atlas destaca que, entre 2019 e 2022, a taxa de homicídios permaneceu estável, com um aumento de 6% na região Nordeste e 1,2% no Sul. Apesar de uma redução de 14% no Centro-Oeste, essa diminuição não foi suficiente para impactar a tendência nacional.
Os pesquisadores apontam três fatores que poderiam ter contribuído mais para a redução dos homicídios no Brasil. O primeiro é a transição demográfica rumo ao envelhecimento da população, que poderia ter reduzido sete homicídios a cada 100 mil habitantes durante a década de 2010. Além disso, o controle de armas de fogo a partir do Estatuto do Desarmamento e investimentos em inteligência policial e prevenção contra a violência poderiam ter impactado positivamente os índices de homicídios.
No entanto, o estudo também aponta para o crescimento das atividades de facções criminosas como um fator que contribuiu para o aumento das disputas violentas no país. A conjuntura da segurança pública no Brasil durante o governo Bolsonaro não apresentou melhorias significativas, e a tendência de queda dos homicídios se estagnou.
Além dos homicídios registrados oficialmente, o Atlas da Violência estima que o Brasil teve cerca de 5.982 homicídios ocultos em 2022, totalizando mais de 52 mil casos. Esses dados se baseiam em mortes violentas cujas causas não foram definidas inicialmente, e que foram classificadas como Mortes Violentas por Causa Indeterminada.
Os estados com as maiores proporções de homicídios ocultos foram Ceará, São Paulo, Espírito Santo e Rio de Janeiro. No período de 2019 a 2022, mais de 24 mil homicídios ocultos foram identificados, revelando uma tragédia invisibilizada que corresponderia a queda de 160 Boeings totalmente lotados sem sobreviventes.
Diante desse cenário, o Brasil enfrenta desafios no combate à violência e na busca por estratégias eficazes para reduzir os índices de homicídios e promover a segurança da população.