Segundo o professor Fernando Dornelles, do Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), o solo saturado pelas chuvas intensas do mês anterior faz com que chuvas de menor intensidade provoquem a elevação do nível dos rios. Esse padrão climático extremo, agravado pelas mudanças climáticas, deve se tornar mais frequente no futuro.
Com o término do fenômeno El Niño neste mês e a chegada do La Niña, espera-se uma diminuição das chuvas na região Sul; entretanto, o Rio Grande do Sul ainda enfrentará um inverno úmido e continuará sob risco de inundações até o final de setembro. A situação das cheias pode melhorar após o período chuvoso, mas a preocupação com a capacidade de muitas cidades gaúchas em se protegerem adequadamente é evidente.
O professor destaca a importância do zoneamento, que define critérios de ocupação do solo e regula o desenvolvimento urbano, estabelecendo áreas seguras para construção. Em cidades como Roca Sales, Muçum, Lajeado e Estrela, recomenda-se esvaziar as áreas inundáveis e habitar locais livres de riscos de enchentes.
Dornelles salienta que a implementação de um sistema de alerta hidrológico, juntamente com o zoneamento seguro, é crucial para permitir que as comunidades convivam com as inundações. Ele menciona o exemplo dos Estados Unidos, que adotaram o NFIP, um programa de seguro contra inundações baseado em mapeamentos de zonas inundáveis.
Diante desse cenário complexo e desafiador, a prevenção e a preparação são essenciais para minimizar os impactos das enchentes e garantir a segurança das populações vulneráveis. A adoção de medidas como o zoneamento, alertas hidrológicos e sistemas de previsão regionalizados são fundamentais para enfrentar os desafios causados pelas mudanças climáticas e eventos extremos recorrentes.