Os relatos presentes na publicação são reveladores e demonstram como as crianças perceberam os golpes políticos da época, assim como as consequências imediatas e posteriores para suas famílias. Histórias cotidianas, como a preocupação dos pais em estocar alimentos e manter as luzes apagadas em casa, são compartilhadas de maneira comovente.
Um dos depoimentos mais marcantes é o de Luiz Philippe Torelly, um arquiteto que relembra o momento em que seu pai o resgatou abruptamente de uma barbearia em Brasília, durante o início do golpe militar de 1964. O clima de tensão e incerteza retratado no livro é um reflexo fiel do que muitas famílias brasileiras enfrentaram durante aquele período conturbado.
Além disso, a obra também aborda histórias de pessoas que sofreram as crueldades da ditadura ou tiveram familiares que foram profundamente afetados, como é o caso da jornalista Mônica Maria Rebelo Velloso, que compartilha a trágica história de sua prima perseguida e traumatizada pela repressão, que culminou em um desfecho trágico.
O livro também explora como a ditadura impactou a educação e a cultura, com relatos sobre a queima de livros considerados subversivos e a luta de algumas pessoas para salvar essas obras. A narrativa de Sônia Pompeu, filha do jornalista Pompeu de Sousa, é um exemplo emocionante de resistência e astúcia diante da repressão.
Em um momento político tão delicado como o atual, a publicação de “1964 – Eu Era Criança e Vivi” traz à tona reflexões importantes sobre os direitos humanos, a democracia e a memória histórica do Brasil. O lançamento do livro em Brasília e no Rio de Janeiro promete ser um evento significativo, onde os autores Márcio Vianna e Rita Nardelli compartilharão suas experiências e insights sobre essa fase sombria da história do país.